Combina com café
O vinho e o café podem ser diferentes em cor, cheiros e sabor, mas têm muito mais em comum do que aparentam.

Ambos dependem do terroir, dos frutos e de uma série de cuidados antes, durante e depois da colheita. Da mesma forma, os dois podem mudar bastante (para melhor) dependendo daquilo que os acompanha à mesa.

Hoje em dia, café é sinônimo de encerramento. Não raro, nos restaurantes, ele vem junto à conta, sempre ao lado de uma dose de água com gás e um biscoito sem muito sabor. Mas a prática não é regra… Na verdade, muito pelo contrário. Um bom café pode (e merece) ser degustado e harmonizado com outros alimentos que ajudam a destacar suas qualidades.

Na hora de harmonizar um café, as sobremesas parecem ser a escolha óbvia, mas não é bem assim que funciona. Para a barista Isabela Raposeiras, uma das mais respeitadas do país, “doce é o que menos combina com café”, pois seu excesso pode facilmente “matar e desvalorizar o café”.

O mesmo serve para aquele inocente chocolatinho que costumamos abrir no “coffee break” de cada dia. “Beber café e comer chocolate é algo muito infeliz. Não que não seja gostoso, mas é o que menos combina”, afirma a carioca. E completa: “O chocolate distrai o corpo e o paladar e ofusca os verdadeiros sabores do café”.

Semelhança e contraste

A regra básica para harmonizar café é a mesma de qualquer tipo de harmonização. Pode ser feita por semelhança, na qual os sabores do alimento se somam às notas do café e as tornam mais acentuadas, ou por contraste, quando a comida completa o que falta no café (seja corpo, doçura ou acidez).

“A semelhança e o contraste são pressupostos, servem como sinalizadores para dar início à harmonização, mas é só na boca que dá para descobrir se a combinação deu certo ou não”, explica Raposeiras.

Em seu premiado Coffee Lab, em São Paulo, ela serve uma série de harmonizações com a bebida (os chamados “rituais”). Uma de suas preferidas é a que combina café com queijo. “Tanto os queijos duros quanto os cremosos proporcionam casamentos incríveis.”

A combinação pode soar estranha no começo, mas faz muito sentido. O salgado dos queijos completa e balanceia os típicos amargor e acidez do café. Pergunte a qualquer mineiro, eles já fazem isso há tempos!

Café com carne?

A priori, qualquer salgado vai bem com cafés. Pães, tortas e quiches são as opções mais seguras, dá para usar e abusar sem medo de errar. Mas, para quem gosta de novas experiências, há um mundo enorme para conhecer.

No último Madrid Fusión, um dos maiores eventos gastronômicos do mundo, realizado este mês na capital espanhola, o café (e o Brasil) ganhou muito destaque aos olhos dos especialistas. Um dos maiores chefs do país, o dois estrelas Michelín Paco Roncero, apresentou a nova carta de harmonizações do seu restaurante La Terraza del Casino.

Entre os pratos que acompanham café está o foie gras. Ele mesmo, o fígado de ganso. “É uma combinação sensacional”, defende a barista Raposeiras. “Em geral, carnes mais adocicadas e mais gordurosas equivalem à maciez e doçura natural do café.”

Na ala dos doces, o ideal é optar pela simplicidade. Nada de caldas e recheios exuberantes que acabam mascarando os sabores mais sutis de qualquer café. Os tradicionais bolos “de avó” são uma boa pedida (as versões de milho, cenoura e fubá, por exemplo, têm muito em comum com cafés amendoados ou puxados para cereais). Muffins, panquecas e biscoitos são outras alternativas seguras.

Com tudo isso, quem irá pedir o café só na hora de pagar a conta? Vale a pena explorar as diversas possibilidades que o café pode trazer no dia a dia, desde as mais simples até as mais elaboradas. Disse Isabela Raposeiras, e assino em baixo: “O café não precisa fechar a refeição. Ele deveria preceder a sobremesa, e não vir depois”.

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