Nem só de tradição vive o mundo do vinho… Novas regiões estão surgindo a cada ano - e olha que a nossa lista vai do Velho ao Novo Mundo. Confira os 5 mais novos “spots” que você precisa descobrir antes de se tornarem populares!
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Velho ou novo mundo: Novas regiões viticultoras a conhecer

Arizona, Índia, China, México… as mais novas regiões viticultores a conhecer

Nem só de tradição vive o mundo do vinho… Novas regiões estão surgindo a cada ano – e olha que a nossa lista vai do Velho ao Novo Mundo. Confira os 5 mais novos “spots” que você precisa descobrir antes de se tornarem populares!

A Califórnia é, de longe, a principal e a maior região vinícola dos Estados Unidos, seguida por Oregon, Nova Iorque e Washington. Apesar de praticamente todos os 50 estados norte-americanos produzirem vinho, os maiores concentram 90% de toda a produção da bebida no país. Algumas regiões são mais tradicionais, como é o caso de Pensilvânia e Ohio, mas outras, como Arizona e Virgínia – que estavam fora do circuito – começam a ganhar destaque.

Conhecido pela paisagem natural e pela rica história do “Velho Oeste”, o Arizona começa agora a chamar atenção também por seus vinhos. Os primeiros vinhedos foram plantados em Sonoite, no norte do estado. Apesar disso, a maioria das vinhas do estado se concentram hoje mais a sul, entre os picos elevados do estado – marcados por temperaturas muito amenas – e o deserto de Sonora, indo de 1.000 até os 1.500 metros do nível do mar. As temperaturas variam 28ºC entre noite e dia durante o alto verão, e é exatamente essa elevada amplitude térmica a principal marca de seus vinhos (eles têm normalmente aromas exuberantes, com com caráter sobremaduro e acidez mais baixa).

“O Arizona continua melhorando e é uma região vinícola dos Estados Unidos a ser considerada”, afirmou James Suckling na última avaliação que fez de seus vinhos – cuja maioria recebeu mais de 90 pontos pelo crítico. Caduceus Cellars e Callaghan Vineyards são duas das maiores vinícolas da região e que foram destaque nos guias de avaliação de vinhos.

Enquanto isso, a Virgínia concentra a sua produção na Chardonnay, uva amplamente cultivada por lá e que tem mostrado mais consistência safra a safra, apesar de contar com significativa quantidade de Viognier e castas tintas bordalesas. De acordo com o especialista e escritor Stuart Pigott, “os vinhos sofisticados da Virgínia não são mais uma raridade”. Ele ainda comparou o estilo dos vinhos a Bordeaux modernos, exaltando as vinícolas RdV, Boxwood e Michael Shaps – principalmente os que aproveitam as perfeitas condições climáticas para amadurecer a Petit Verdot, cortada muitas vezes com Merlot e Cabernet Franc.

Outro destaque do estado é a uva híbrida Norton, que já mostrou bom potencial de envelhecimento – sobretudo do maior produtor da uva no mundo, a vinícola Chrysalis -, mas ainda levanta algumas controvérsias entre os enólogos. Apesar de ser hoje o quinto estado em área de vinhedos, soma pouco mais de 1.200 hectares. “Meu palpite: é questão de tempo até a Virgínia tenha os seus primeiros vinhos avaliados com 100 pontos”, completou Pigott.

Há séculos, a Inglaterra produz vinhos. Mas foram os dois norte-americanos Stuart e Sandy Moss, proprietários da vinícola Nyetimber, que colocaram os espumantes ingleses no mapa dos maiores vinhos com borbulhas do mundo. O marco que mudou a maneira como críticos de vinho enxergavam os espumantes ingleses foi o lançamento do Blanc de Blanc 1992 da vinícola localizada na região de West Sussex. Hoje, a Inglaterra conta com 133 vinícolas e mais de dois mil hectares de vinhedos (extensão que dobrou em comparação com a última década). Isso porque as baixas temperaturas e o clima fresco do país são ideais para a produção de espumantes. As principais regiões são Kent, Sussex, Surrey, Hampshire, Wiltshire, Devon, Dorset e Cornwall – com solos de maioria de areia e argila.

Em julho de 2016, Jancis Robinson e Neal Martin, entre outros críticos de vinho, foram convidados para uma degustação de Champagnes versus espumantes ingleses pela revista britânica Noble Rot. Dos 12 vinhos dispostos às cegas, apenas oito eram provenientes da apelação de origem mais famosa do mundo para espumantes, Champagne, os outros quatro eram produzidos em território inglês. “Os melhores espumantes ingleses são sempre muito bem feitos e têm final fresco e limpo. O que pareceu faltar a eles foi complexidade, mas os dois favoritos do grupo eram ingleses e eram muito finos”, afirmou Jancis Robinson no artigo que escreveu sobre a degustação.

Trazida pelos colonizadores espanhóis, a videira chegou ao México no século 16. Sem muito sucesso, acabou sendo esquecido até 1970, quando foi retomada com mais força. Com influência francesa, espanhola e italiana – mas seguindo a escola de livre experimentação, característica da vinicultura da América -, “você pode encontrar Cabernet Sauvignon cortado com Grenache e Barbera”, afirma o site Wine Folly. A grande maioria dos vinhedos (85%) está localizada em Baja Califórnia, na divisa com o estado norte-americano. Além de estar no limite dos trópicos indicados à viticultura, a região se beneficia da gélida briza pacífica – seus solos, aluviais, são ricos em granito, lembrando até as composições do norte do Rhône, na França.

Se antes os vinhos chineses eram tidos como exóticos e despertavam curiosidade entre os especialistas, hoje estão ganhando cada vez mais espaço. De acordo com o último relatório divulgado pela Organização Internacional do Vinho (OIV), o de 2015, o país asiático aumentou a sua produção em 50% se comparado a 2014, atingindo a nona posição no ranking de países com maior produção de vinho no mundo. Se a produção seguir crescendo da forma atual, em até 10 anos é previsto que a China será o maior produtor de vinhos do mundo (e o maior consumidor, também)!

O jornalista e crítico Liwen Hao, da Robert Parker’s Wine Advocate, afirmou que “novas vinícolas estão surgindo como broto de bambu e algumas estão determinadas em fazer vinhos premium, em termos de preço e qualidade”. Hao chamou atenção para duas regiões principais – a costa nordeste, que concentra a maior parte das vinícolas, e o noroeste, com destaque para as províncias de Xinjiang e Ningxia, na antiga rota da seda. Com forte influência de regiões como Bordeaux e Adelaide, produtores estão apostando cada vez mais em tecnologia para entender os novos terroirs do país. “Ainda leva algum tempo até entenderem o terroir e, por outro lado, não há nada que possa ser feito até que as vinhas ainda jovens estejam maduras”, comentou Hao.

“É um milagre que exista vinho indiano”, afirmou Jancis Robinson em um artigo que escreveu recentemente para a Financial Times. Nós iríamos por outra linha: em vez de milagre, achamos que é pura ciência. Apesar de polêmica, tal afirmação se explica: fora dos paralelos 30º e 50º, os indicados para a viticultura, os ousados produtores indianos tiveram que inverter a lógica do ciclo da videira para conseguir cultivá-la em plena clima tropical. Mesmo as regiões produtoras de vinho se localizarem na porção da Índia no hemisfério norte, as plantas seguem o ciclo do hemisfério sul para que as monções de maio (marcadas por fortes chuvas) coincidem com a fase de dormência.

O especialista em vinhos asiáticos Denis Gastin acredita que somente uma parte da Tailândia enfrenta a mesma quantidade de desafios durante a estação de maturação das uvas que a Índia. Apesar dos desafios, os produtores indianos superaram as dificuldades e produzem todos os estilos de vinho, desde espumantes até fortificados. As principais regiões vinícolas da Índia são: Maharasgtra, Nashil Valley e Nandi Hills. A Master of Wine Jancis Robinson indica alguns rótulos das vinícolas que considera serem as melhores do país asiático: Grover Zampa e Fratelli. Vai ser um desafio e tanto encontrar os seus vinhos por aqui, mas não custa tentar!

Muitos não sabem disso, mas a primeira tentativa de se cultivar uva no Brasil foi no estado de São Paulo em 1532. Brás Cubas, fidalgo e viticultor à bordo da expedição de Martin Afonso de Souza, donatário da capitania de São Vicente, começou os seus experimentos na região litorânea. Sem sucesso, partiu para o Planalto do Piratininga, onde hoje é o bairro do Tatuapé, na capital – que está certamente há bons séculos sem dar origem a uma uva sequer. Uma coisa é certa: São Paulo – o interior do estado – é conhecido por produzir vinhos suaves, feitos a partir de uva americana. Mas alguns produtores vêm mudando isso…

Quase na divisa com Minas Gerais, a duas horas e meia da capital paulista, a vinícola Guaspari, instalada em Espírito Santo do Pinhal, teve o seu Syrah avaliado com 95 pontos pela britânica Decanter Magazine. O ganhador da medalha de Ouro na competição que avaliou vinhos sul-americanos é “expressivo e muito aromático, com múltiplas camadas: mirtilos, amora madura, bacon, pimenta preta, fumaça e grafite”, nas palavras dos críticos da Decanter. Em 2001, começaram os primeiros experimentos de cultivo de uva em parte da fazenda de café da Guaspari, com solo em sua maioria de granito. O sucesso foi tamanho que, em 2006, os 50 hectares de cafezais foram convertidos em vinhedos. Mas a vinícola não é a única do interior de São Paulo e sul de Minas Gerais que se destacam na produção de vinhos de alta qualidade: Entre Vilas, em São Bento do Sapucaí, e Estrada Real, em Três Corações, são duas que recomendamos de olhos fechados.

Imagem do Artista Manuel Peter

Blog Sonoma Market

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