Descubra os vinhos doces, licorosos, fortificados… Enfim, os generosos da “Terrinha”!
A generosidade é uma qualidade que já ganhou muitos significados: de pessoa bondosa que ajuda o próximo até indireta sobre uma mulher muito oferecida. Mas, no mundo dos vinhos, ser generoso ganha ainda uma outra interpretação.

Vinhos generosos são vinhos licorosos e fortificados, ou seja, com teor alcoólico de 14% a 20%. Por licoroso, entende-se que o vinho com elevado residual de açúcar, e justamente por isso ganha também mais densidade. Já a fortificação é o acréscimo de destilados ao vinho, que o deixa mais alcoólico (neste caso, a água vínica).

Quando se fala em um vinho generoso, dois nomes já surgem pairando no ar: vinho do Porto e Moscatel. Apesar do Jérez espanhol também ser bem lembrado, Portugal ainda é um ícone dos vinhos generosos.

O Moscatel de Setúbal

Com uma cor âmbar muito característica, o Moscatel de Setúbal ganhou o apelido de “topázio líquido”. Apesar dessa cor tão diferente, o Moscatel de Setúbal é considerado um vinho branco, produzido com a uva Moscatel. Há um tipo de Moscatel mais raro ainda, com uma casta chamada Moscatel Galego Roxo.

O Moscatel de Setúbal é uma dominação muito famosa, com centro na região de Azeitão, nas proximidades de Lisboa. Já ganhou prêmios, incluindo o de melhor Moscatel do mundo em 2011, no concurso francês “Muscats du Monde”. Ele fica perfeito com creme brûlée, torta de frutas vermelhas e até com uma deliciosa rabanada.

Além de serem servidos com sobremesas, os vinhos generosos podem ser bebidos como aperitivos ou digestivos. As propriedades do vinho do Porto em auxiliar a digestão são bem conhecidas, devido ao teor alcoólico e às uvas utilizadas.

O vinho do Porto

Falando nele, vamos pro campeão dos vinhos fortificados, o Vinho do Porto. Você sabia que o Vinho do Porto não é feito no Porto? Ele é produzido com uvas do Douro, uma região que fica a cerca de 100 km da cidade do Porto, e muitas vezes era armazenado em Vila Nova de Gaia, outra cidade que fica pertinho, ao sul da foz do rio Douro. O vinho ficou conhecido como Vinho do Porto porque era dessa cidade que ele era exportado para o resto do mundo.

A enóloga Alzira Carvalho, da Quinta da Santa Eufêmia, nos contou várias curiosidades sobre esse vinho. Acredita-se que o vinho do Porto ficou famoso por causa de uma guerra que não tinha nada a ver com Portugal, pelo menos não diretamente. Em meados do século 17, entre a Guerra dos 100 anos e a Guerra dos 7 anos, Inglaterra e França estavam com as relações bem abaladas. Os ingleses, que antes consumiam vinhos de Bordeaux e outras regiões francesas, passaram a consumir vinhos portugueses, que já tinham uma qualidade excelente na época. A produção do Vinho do Porto é anterior ao Descobrimento e bem mais antiga que as rixas da Inglaterra e da França, mas essa exportação fez com que o Vinho do Porto se tornasse mais fortificado: a aguardente era adicionada ao vinho apenas para conservar a bebida para a viagem até a Inglaterra (um vinho mais alcoólico é menos sujeito a alterações). Essa fortificação era feita após o vinho já estar pronto.

Daí essa fortificação fez sucesso, e o passo seguinte foi adicionar essa aguardente ainda no processo de fermentação, não deixando que ela acontecesse até o fim. O resultado foi um açúcar residual que trouxe uma doçura deliciosa ao vinho do Porto. Esse procedimento foi institucionalizado em 1820 e se mantém até hoje.

Portanto, a doçura de um vinho do Porto é determinada pelo momento em que a fermentação é interrompida, que, dependendo da quantidade de açúcar de cada uva, deve ser feita mais cedo ou mais tarde. Para isso, o enólogo deve saber o momento exato de parar a fermentação para atingir o sabor que quer. Quanto mais tarde a fermentação é parada, menos doce fica o vinho.

Existem mais de 100 uvas autorizadas para a confecção do Vinho do Porto, mas algumas são mais recomendadas que outras. Na opinião de Alzira, as mais importantes são a Touriga Nacional, a Touriga Franca, a Tinta Amarela, a Sousão e a Tinta Roriz. Entre as brancas, as principais são a Malvasia Fina, a Gouveio, a Moscatel Galego, a Rabigato e a Viosinho.

O Porto é um vinho que, apesar de tão tradicional, não parou no tempo. Pelo contrário, tenta se adaptar, apresentando sempre características novas. Atualmente há várias receitas de drinques que levam vinho do Porto, muitas vezes apoiadas até pelos produtores mais tradicionais, pois incentivam o consumo e trazem novas formas de saborear o “néctar português”.

Por Fernanda Braite

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