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Como descobrir sua uva preferida? Parte 1 – uvas tintas

Como descobrir sua uva preferida? Parte 1 – uvas tintas

Como sempre tendemos a gostar mais de algumas características do que de outras, sempre tem uma uva ou outra que mais agrada. Mas fica mais fácil se, antes, decidir-se pelos brancos ou tintos, não é?

Nesta primeira parte do guia, você conhecerá as tintas e poderá dizer um pouco mais sobre o que acha delas (geralmente, são as que mais agradam aos brasileiros).

Brancos são leves e tintos são encorpados? Nem sempre…

Muitas pessoas pensam que tintos são mais pesados e brancos mais leves. Via de regra, sim. Mas há uma série de fatores, como terroir, clima, produtor e casta, por exemplo, que influenciam no corpo do vinho. Sendo assim, você poderá encontrar tintos leves e brancos mais encorpados.

Ao modo clássico e tradicional, vinhos brancos, entre tranquilos e espumantes, são os melhores acompanhantes para o verão. Leves, frescos, costumam trazer boa acidez e notas refrescantes, além de possibilitar diversas harmonizações. São consumidos em temperaturas mais baixas e, geralmente, são fáceis de beber.

Já os tintos são mais consumidos à noite e quando o clima está de ameno a frio. Aqui na Sonoma, costumamos dizer que não há clima ideal para cada tipo de vinho. Afinal, o que é bom não tem época e tudo vai depender do seu gosto. Costumam apresentar mais taninos e a maioria das castas são de corpo médio a encorpado.

Cabernet Sauvignon

Inúmeros são os cortes e monovarietais com a casta. Considerada a rainha das tintas, a Cabernet Sauvignon está entre as mais conhecidas no mundo dos vinhos. Ela é potente, mostra taninos presentes e muitas notas de frutas vermelhas e herbáceas. Facilmente sentirá framboesas, morangos, pimentões e pimentas em um Cabernet. Se o vinho for envelhecido, notas de cacau em pó e tabaco também surgirão. Muitas vezes encorpados, os vinhos dessa uva são daqueles de preencher a boca.

Corpo: encorpado

Harmonização: carnes assadas, pratos substanciosos, bastante proteína

Cortes em que aparece: Bordeaux, Provence, Supertoscanos, Severny, Penedès

Pinot Noir

Quando dissemos que é possível encontrar tintos leves, certamente a Pinot Noir estava entre eles. A casta é difícil de ser cultivada, pois possui casca fininha, que facilmente pode se romper devido a temperaturas extremas, solo inadequado ou descuido no cultivo. Mas quando dá certo, origina vinhos de corpo mais leve que reflete na coloração um pouco mais clara. Notas de cereja, framboesa, morango e também as terrosas, como cogumelos e terra úmida. Excelente acidez abre um leque de harmonizações, além disso, quase não tem taninos.

Corpo: leve

Harmonização: pratos com bastante gordura ou toques terrosos, como feijoada e risoto funghi

Cortes em que aparece: Champagne, Beaujolais, Sancerre, Chalonnaise

Carménère

Alguma vez já sentiu pimentão, em suas mais variadas formas, em um vinho? Certamente, num Carménère sentirá bastante. Especiarias, como pimenta preta, também podem surgir, além de folha molhada. São vinhos mais herbáceos e, às vezes, até mentolados. Corpo e acidez equilibrados até sugerem uma pizza. A chilena é versátil e tem muito a oferecer desde paladares mais simples, aos mais exigentes.

Corpo: médio

Harmonização: carnes mais leves e macias, legumes recheados e pizzas

Cortes em que aparece: Gernischt

Merlot

Originária de Bordeaux, na França, não é que a Merlot se deu bem mesmo foi em terras brasileiras? Foi no sul do país, mais especificamente na Serra Gaúcha, que a uva encontrou o seu lugar e dá origem a alguns dos melhores Merlots. É reconhecida, principalmente, por ter uma maciez aveludada à boca. São vinhos redondos, com taninos presentes e todos os componentes muito bem integrados: corpo, acidez e álcool. Ameixas, jabuticabas e até chocolate ao leite podem ser sentidas numa taça de Merlot.

Corpo: médio

Harmonização: cogumelos, pratos trufados, carnes macias e suculentas

Cortes em que aparece: Bordeaux, Cahors, Languedoc, Ticino

Malbec

Argentina é a sua bandeira. Também veio da França, viajou outros terroirs franceses e se tornou a uva emblemática do país dos “hermanos”. Madeira, baunilha e especiarias são facilmente encontradas aqui. Geleia de frutas e frutas secas, como tâmaras, também se fazem presentes. Geralmente, dá origem a vinhos potentes, que alcançam alta graduação alcoólica e encorpados. Os taninos não ficam para trás, são perceptíveis, mas redondos.

Corpo: encorpado

Harmonização: carnes assadas e grelhadas, com ou sem molho, e pratos proteicos

Cortes em que aparece: Cahors, Anjou-Touraine, Meritage

Syrah

Imagine uma loja de especiarias… Assim é a Syrah. Das mais comuns às menos usuais, seu forte são as especiarias, que passam por pimenta, cardamomo, cravo, ervas, entre outras e chega às frutas escuras, como amora. Também conhecida como Shiraz, na Austrália, a uva de origem muito discutida, nasceu mesmo no sudeste da França, no Côtes du Rhône. Tem potência e complexidade; é uma uva versátil: adapta-se bem ao terroir e seus vinhos são uma impressão do mesmo.

Corpo: médio para encorpado

Harmonização: pratos apimentados, mas substanciosos, ou rústicos e terrosos

Cortes em que aparece: Rhône, Châteauneuf-du-Pape, Hermitage, Côte Rôtie

Sangiovese

Originando grandes vinhos italianos, como Brunellos e Chiantis, por exemplo, a Sangiovese é a primeira e mais plantada casta da Itália. Sua sensibilidade a torna capaz de se adaptar aos diversos microclimas que as regiões italianas oferecem, podendo apresentar diferentes características em cada terroir. Já viajou outros países, como Argentina, Chile e Austrália, mas em nenhum deles alcançou toda a expressão que ganha em sua terra natal. Os vinhos dessa uva são leves em boca, de boa acidez e notas terrosas, como folhas secas, chá e café. Ainda jovem, o frescor das cerejas e frutas vermelhas é que fica em evidência.

Corpo: médio para encorpado

Harmonização: pratos com molho de tomate, massas, carnes assadas

Cortes: Chianti, Brunello e Rosso di Montalcino

Cabernet Franc

Pense na Cabernet Sauvignon – potente, muitas frutas, taninos, corpão… A Cabernet Franc, nascida no país basco, nos Pirineus espanhóis (talvez antes mesmo da Sauvignon), é sua versão feminina: frutas elegantes, taninos quase tão macios quanto os de uma Merlot, toques de verde, tudo muito suave e sutil. A uva aparece em muitos cortes bem usados pela Europa, mas deu seus melhores frutos no norte da Califórnia e na América do Sul. Dificilmente encontra-se monovarietais da casta (principalmente fora dessas regiões). Floral, de corpo leve e bastante delicada, deu pra ver que é praticamente o oposto da Cabernet Sauvignon. Ah, vale dizer que a famosa Cabernet Sauvignon é fruto do cruzamento entre Cabernet Franc e Sauvignon Blanc.

Corpo: leve para médio

Harmonização: carnes mais leves, carpaccios

Cortes em que aparece: Pyrenees, Bordeaux, Villány

Grenache

Inúmeros são os nomes dessa uva: Grenache, Garnacha, Cannonau, Alicante, e por aí vai. E inúmeros também são seus terroirs. A Grenache está perto de ser a uva mais plantada do mundo! Dificilmente se vê um monovarietal, mas está entre muitos cortes franceses, espanhóis, italianos, estadunidenses, australianos e até libaneses! Dá origem a vinhos escuros, intensos e, dependendo da região, pode ter especiarias, frutas negras, toques balsâmicos e até defumados. Geralmente macios e equilibrados, a variedade de Grenache é tão grande que certamente haverá uma para o seu paladar.

Corpo: leve para médio

Harmonização: embutidos, carne de porco, carnes recheadas, lombos

Cortes: Navarra, La Mancha, Rioja, Languedoc, Rhône, Châteaneuf-du-Pape, Sardinia, Barossa

Tannat

Você muito já deve ter ouvido falar no resveratrol, aquele polifenol responsável pela maioria dos benefícios presentes nos vinhos tintos. Há maior concentração da substância nos vinhos que contém mais tanino e, Tannat, como o próprio nome sugere, é campeão nos taninos que preenchem a boca! Além de estar entre os mais “saudáveis” que você pode beber, a uva que se tornou emblemática do Uruguai, conquista os paladares que gostam de vinhos rústicos, com boa acidez e persistência. De cor escura, apresenta notas de ameixa, geleia de framboesa e morango.

Corpo: encorpado

Harmonização: carnes mal passadas, pratos com muita proteína

Cortes em que aparece: Madiran

Tempranillo

A Tempranillo também não fica para trás nos taninos, característica que marca a personalidade espanhola. Além de macios e redondos, apresentam notas de frutas vermelhas e negras, passam pelos toques herbáceos e chegam às especiarias. Quando estagia em madeira, ganha caramelo, baunilha e notas tostadas. Em boca, a textura aveludada prepara para os taninos redondos que secam o palato.

Corpo: encorpado

Harmonização: embutidos, carnes substanciosas, pratos com ovos e batatas cozidas

Cortes em que aparece: Ribera del Duero, Toro, Rioja, Alentejo

Negroamaro

Negroamaro significa “preto preto”. Logo, entende-se porquê, durante muito tempo, a italiana, muito cultivada na Puglia, foi utilizada em cortes para dar cor e estrutura aos vinhos. Quando encontrada em monovarietais, são vinhos de coloração forte, vermelho-granada e notas de frutas escuras e tabaco. Pode-se esperar, na maioria das vezes, intensidade.

Corpo: médio para encorpado

Harmonização: massas com molho vermelho e carnes assadas

Cortes em que aparece: Puglia

Nebbiolo

Nebbiolo, uma uva tinta, resistente e de casca grossa, que se transmuta em vinhos encorpados e repletos de taninos. É ela a responsável por produzir dois monumentos em estado líquido: o Barolo, “rei dos vinhos”, e o Barbaresco, de elegância ímpar. Originária do Piemonte, a uva produz vinhos intensos, tânicos, com notas de ameixa seca, chocolate amargo e rosas.

Corpo: encorpado

Harmonização: carnes com molhos escuros, massas com cogumelos, risotos de carne ou funghi

Cortes em que aparece: Barolo, Barbaresco, Valle d’Aosta, Franciacorta

Barbera

Uma das variedades mais cultivadas na Itália, a Barbera nasceu na região de Piemonte e é considerada a mais popular do local. Ela é a “princesa” dos “3 B’s” da Itália, seguida do “príncipe” Barbaresco e do rei, “Barolo”. Dá origem a vinhos frescos e frutados, além de ser deliciosamente ácida, o que possibilita um final de boca longevo e grande variedade de harmonizações.

Corpo: leve

Harmonização: pratos leves, aves com molhos, massas à bolonhesa

Cortes: Asti, Alba

Dolcetto

Outra italiana que conquista muitos paladares mundo afora. A Dolcetto traz aromas intensos, com notas de cereja e frutas vermelhas aos vinhos. São vinhos menos ácidos do que os italianos mais conhecidos e renomados, por outro lado, é uma opção mais em conta e que apresenta uma relação custo-benefício indiscutível. Vinhos da Dolcetto são facilmente indicados para jantares e reuniões, devido sua facilidade em agradar e harmonizar.

Corpo: leve para médio

Harmonização: massas com molhos brancos ou até sem molhos

Touriga Nacional

Estamos falando da rainha das uvas portuguesas! Cultivada do Douro ao Alentejo e de fácil adaptação aos diferentes tipos de solo, a Touriga Nacional é também resistente às pragas que costumam atingir os vinhedos. Como sobreviventes, produzem vinhos de intenso aroma de frutos e flores e cor escura. São vinhos volumosos e persistentes; quando estagiam em madeira, tendem a ser enriquecidos em complexidade aromática.

Corpo: encorpado

Harmonização: alheira, linguiças, pratos agridoce

Cortes em que aparece: blends tintos portugueses em geral, principalmente do Dão

Pinotage

A então emblemática da África do Sul, foi criada em 1925 pelo professor de viticultura da Universidade de Stellenbosch, Abraham Izak Perold. Sua intenção era extrair o melhor da intensa Cinsault, com a delicadeza da Pinot Noir; foi então que realizou o cruzamento entre as duas. O resultado, foi uma casta que hoje, produz vinhos de caráter frutado, onde amoras, ameixas e cassis se apresentam. Por descuido do produtor, pode conter taninos excessivos; por outro lado, são aveludados e sedosos (ou rústicos), muito depende do terroir e do produtor.

Corpo: médio para encorpado

Harmonização: carnes assadas com cogumelos, cordeiro

Bonarda

Sendo a segunda casta tinta mais plantada na Argentina, a Bonarda é tipicamente conhecida por sua cor intensa. Os vinhos produzidos com ela apresenta excelente relação entre qualidade e custo. Conta com taninos redondos e muitas frutas vermelhas e negras no aroma. São frescos, vibrantes e os argentinos acreditam que seja revigorante para a alma.

Corpo: leve

Harmonização: carnes assadas e grelhadas, com ou sem molho, e pratos proteicos

Gamay

Não há como apresentar a Gamay sem falar de Borgonha, sem falar de Beaujolais. Ela é a uva francesa que dá origem aos vinhos da região que fica no começo da Borgonha, próximo a Lyon: Beaujolais. Eles são divididos em classificações: O Beaujolais Noveau é o mais simples; Beaujolais; Beaujolais Village já passou por um pouco mais de evolução; Beaujolais Cru, que são a fina flor dos Gamay. Todos eles são vinhos frescos, leves, que apresentam toques de frutas, poucos taninos e são ideais para serem servidos em temperaturas um pouco mais baixa do que o normal para tintos. Uma boa alternativa nos dias quentes, para quem gosta de tintos.

Corpo: leve

Harmonização: pratos com bastante gordura ou toques terrosos, como feijoada e risoto funghi

Corte: Beaujolais

Zinfandel

Depois de traçar uma longa rota em busca da paternidade da Zinfandel, descobriu-se que, embora ela reflita o terroir do Novo Mundo, sua origem é croata! Mas, adaptou-se tanto ao solo californiano que a região tornou-se sua principal produtora no mundo. Com tonalidades que, de tão escuras, se assemelham ao preto, os vinhos produzidos com Zinfandel são marcados pelos toques frutados, principalmente de frutas vermelhas e cerejas escuras e notas de especiarias.

Corpo: leve para médio

Harmonização: Steak bovino, hambúrguer com molho barbecue

Nero D’Avola

Uva tinta mais importante da Sicília e originária de lá, a italiana Nero D’Avola é cultivada por todo o sul do país, devido ao clima e solo ideais para sua produção. O solo vulcânico, traz características à uva que se assemelham à Syrah. Os monovarietais costumam trazer cores intensas e melhoram com o envelhecimento, principalmente em barricas de carvalho. Sabores de cereja, ameixa e pimenta também são notados. Os mais tradicionais trazem um couro suave, acompanhado de mineralidade.

Corpo: médio

Harmonização: pratos apimentados, mas substanciosos, ou rústicos e terrosos

Cortes em que aparece: Sicília

Corvina

Originária do Vêneto, na Itália, a Corvina faz o toque frutado dos vinhos, cheia de variedades vermelhas – todas elas, mas principalmente as cerejas. São vinhos leves, jovens, frescos e refrescantes. Quando se une à Rondinella e Molinara, dão origem aos melhores Valpolicellas.

Corpo: leve

Harmonização: massa, molhos vermelhos, cogumelos, bacon

Corte: Valpolicella, Ripasso, Amarone

Rondinella

Também vinda do Vêneto, a Rondinella faz a estrutura com taninos macios, mas marcantes. Pimentas (das mais simples às mais apimentadas) completam as características da cepa.

Corpo: médio

Harmonização: massa, molhos vermelhos, cogumelos, bacon

Corte: Valpolicella, Ripasso, Amarone

Molinara

E, para que tudo fique completo, não há como não citar a Molinara, a mais ácida entre Corvina e Rondinella, adiciona frescor a qualquer blend, além de notas de especiarias, como o cravo-da-índia.

Corpo: leve

Harmonização: massa, molhos vermelhos, cogumelos, bacon

Corte: Valpolicella, Ripasso, Amarone

Blog Sonoma Market

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