Olá, tudo bem?
Meu nome é Alykhan Karim, sou CEO do Sonoma Market.
Para quem é novo no Sonoma Signature, só entrando no clube neste último mês, eu costumeiramente escrevo uma cartinha para acompanhar a seleção, pois os vinhos são da minha escolha pessoal.
Neste mês agora, selecionei dois vinhos que achei excelentes.
Um vem do novo mundo, outro do velho.
Ambos são à base da uva Cabernet Sauvignon.
Em pleno inverno, pensei na rainha das uvas tintas, à base dos vinhos mais longevos e complexos do mundo, desde os Premier Grand Cru Classés de Pauillac e Margaux, até os mais proeminentes da Napa Valley e Alto Maipo.
Mas estes dois são exemplares da uva bem fora do comum, e, na minha opinião, fora da curva também.
O primeiro, com rótulo lúdico, divertido, até estranho?
Estou falando do Cacique Maravilla Cabernet Sauvignon 2021.
Ao ler por perto, vai ver que este é um vinho natural.
Peraí.
“Vinho natural, na seleção de Signature?”
“Provei um vinho natural uma vez, não gostei! Achei estranho!”
“Ou era isso um orgânico? Ou um biodinâmico?”
“Agora não lembro, mas estou me sentindo um pouco angustiado!”
Se é isso que está passando pela sua cabeça, diria que você não é o único.
Mas segura aí. Vou explicar.
Vinho natural é vinho feito à moda antiga.
Dos 7 mil anos que se faz vinho, mais ou menos 5.500 – 6.000 destes anos se fazia vinho natural. Nos últimos 20-30 anos, produtores ao redor do mundo estão voltando às raízes. O velho virou novo, de novo.
Vinho natural é uma filosofia mais que qualquer outra coisa, uma forma de expressar as nuances de terroir e safra de uma forma ecologicamente sustentável e com destaque para a pureza da fruta. O vinho natural vem à base de uvas não tratadas com herbicidas ou agrotóxicos, assim como os vinhos orgânicos e biodinâmicos. A diferença dos vinhos naturais são as escolhas durante o processo.
Sem alterações humanas no processo de vinificação, nenhuma adição de açúcar ou filtragem, sem uso de barricas com grande tosta, para não ter as máscaras dos sabores secundários vindos da madeira, e com uma quantidade mínima de sulfito utilizado, às vezes nada, o vinho resultante entrega uma experiência inigualável e única.
Quando bem feito.
Já provei bastante vinho natural que não gostei.
Mas já provei bastante vinho que não gostei.
Como tudo neste mundo do vinho, curadoria, procedência e a qualidade do terroir e do produtor é tudo.
Cacique Maravilla é um dos produtores mais únicos e interessantes do Chile. Com uso de algumas das mais antigas uvas do continente, algumas com 300 anos de idade, crescendo de forma silvestre na propriedade, o produtor Manuel Gutierrez produz vinhos que, safra após safra, geram conversa na mesa, encanto e mudança de perspectiva.
Este, que selecionei para Signature, é um dos melhores do produtor.
Em taça apresenta uma linda cor púrpura, até parece Malbec.
Oferece aromas de cerejas e ameixas frescas, envoltas em toques de menta e especiarias como alcaçuz e pimenta preta recém moída.
Em boca, achei suculento, muito macio, com traços de azeitona e nuances defumadas que surpreendem, depois um corpo médio e refinamento que até achei fora do normal para um produtor que gosta de fazer vinhos “selvagens”. Uma acidez brilhante, taninos bem presentes e bem marcados, com um final que lembra folhas secas de tabaco, deixa claro que este é um Cabernet Sauvignon de primeira.
Se você já gosta de vinhos naturais, acredito que este vai agradar imensamente. E se você nunca provou, acredito que este será uma porta de entrada para um mundo que é fascinante!
Pode tomar por si só para entender a evolução em taça e garrafa. Porém harmonizaria incrivelmente bem com churrasco, desde galeto na brasa com flor de sal e alecrim até maminha, fraldinha e picanha. Uma excelente opção vegetariana será berinjela à parmigiana, ou um ratatouille, se pensar em uma opção chique 😉
Já o segundo vinho?
Um outro achado. Este é um vinho que você não vai simplesmente encontrar “por aí”.
Primeiro por se tratar de um Cabernet Sauvignon de Portugal. A uva francesa, plantada ao redor do mundo, é elaborada com muito sucesso em alguns cantos da “terrinha”, mas estes vinhos são raros ainda.
Segundo, por se tratar de Grande Reserva com 7 anos de guarda, já entrando no ápice, na janela ideal para tomar.
Este vinho faz parte de um lote liberado da biblioteca do próprio produtor e trazido ao Brasil no início do inverno agora.
Degustei ele na semana passada com nossa equipe. Que experiência!
A cor roxa, indo para o caramelo nas bordas, já denota os anos de guarda.
Cedro e um leve xarope nos aromas dão lugar a rapadura, caldo de cana. Em boca se repete, com açúcar mascavo, canela também, heranças da passagem por barrica, também sabores terciários, da evolução em garrafa. Excelente acidez deixa salivar, um belo sinal de vida para frente. A fruta vermelha, ainda presente, intercala com sabores de charuto e couro.
Para quem gosta dos vinhos lusitanos e toda a fruta e robustez que oferecem, vai se deliciar com este achado.
Harmonizar com carneiro ou cabrito será uma escolha excelente, queijos de cabra mais duros também funcionam bem.
Dois Cabernets, então. Ambos fora dos “comuns.” Ambos excelentes.
Espero que ambos tragam experiências memoráveis.
Um abraço enorme,
Alykhan Karim
CEO – Sonoma Market
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