Você sabia que pesquisadores falam em até 1500 variedades de uva? Descubra!
Pesquisadores falam em até 1500 variedades de uvas – incluindo castas raras, cultivadas em poucos hectares, e as que já foram consideradas extintas e hoje estão sendo resgatadas pelos produtores.
Quando a conversa é sobre uvas viníferas, especialmente as variedades mais raras, é impossível não se lembrar da Carmenère, espécie francesa que foi dizimada pela filoxera no século XIX, e na década de 1990, redescoberta entre cepas de Merlot em vinhedos do Chile pelo francês Jean-Michel Boursiquot. Exames de DNA comprovaram que a variedade não estava extinta de fato, e a Carmenère adaptou-se tão bem aos terroirs chilenos que hoje é a uva emblemática do país. Mas em termos de castas preciosas, a lista é maior.
A Peverella, uva branca originária do Vêneto, na Itália, foi quase extinta em sua terra natal, substituída por variedades economicamente mais rentáveis. Sua salvação? Os imigrantes italianos
que vieram ao Brasil no século passado, trazendo consigo esse pequeno pedaço da Itália. A Peverella, que no dialeto italiano significa pimenta, chegou a ser a principal variedade branca na Serra Gaúcha, mas perdeu espaço para variedades mais “comerciais” na década de 1970, quando a enologia nacional passou a ter empresas estrangeiras e outro perfil na produção de vinhos. Ainda é possível encontrá-la em pequenas propriedades no sul do país, em rótulos com seu característico toque picante.
Falando em Itália, o “país dos vinhos” ainda cultiva outras variedades em pequenos espaços, como a tinta Albarossa e a branca Timorasso, ambas do Piemonte. Os produtores resgataram as castas, e aos poucos vão expandindo seu cultivo, cujos vinhos podem ser encontrados aqui no Brasil.
Na França, a “pátria mãe” da vinicultura moderna, a região de Champagne é berço dos Vieilles Vignes Françaises, ou Velhos Vinhos Franceses, feitos de uvas que anteriores à chegada da filoxera à Região. Algumas dessas variedades, como Pinot Blanc, Arbanne e Petit Meslier, já estiveram na lista das poucas castas permitidas em Champagne, mas hoje ocupam pequenos espaços nos vinhedos, e alguns de seus rótulos são importados para o país.
Do outro lado da Cordilheira dos Andes, na Argentina, vive – e muito bem, diga-se de passagem – uma variedade francesa que, apesar de não extinta em sua terra natal, é muito mais famosa por sua versão “sul americana”: a Malbec. Parente próxima da Merlot (alguns pesquisadores afirmam que as castas são meio irmãs), a Malbec encontrou o terroir perfeito para desenvolver todo seu potencial em Mendoza, e hoje é a uva emblemática dos nossos vizinhos – os rótulos da região são referência mundial quando o assunto é a uva.
Outro caso de sucesso no “exílio” é o da italiana tinta Ancellotta. Apesar de seu sucesso em terras estrangeiras – no caso, a Serra Gaúcha brasileira – ser menor que o da Malbec na Argentina, o potencial dessa variedade está levando produtores brasileiros a apostar no cultivo da uva, que desempenha um papel secundário na fabricação do Lambrusco na Emilia-Romagna.
E a lista de variedades que ganha espaço nos vinhedos para mostrar a identidade vinícola nacional tende a aumentar: a francesa Gouais blanc, as portuguesas Tinta grosa e Cercial da Bairrada, as espanholas Morenillo e Godello, a grega Mavrotragano, entre outras. Diversos produtores perceberam a necessidade de preservar suas castas nativas e seu potencial para vinhos de qualidade.
A nós, consumidores e apreciadores, resta descobrir se eles estão certos em manter as “pratas da casa.”
Por Sonoma Brasil
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