O resultado foi impressionante: entre os 10 melhores classificados pelos especialistas, oito eram brasileiros. Esse é mais um de tantos reconhecimentos importantes obtidos pelos Merlots produzidos no Brasil por sua alta qualidade. E qual é o segredo de tanto sucesso?
Primeiro tem a questão da adaptação da uva ao lugar, ao tipo de solo, de clima e todas as condições que envolvem o cultivo da uva. Neste quesito o relacionamento da Merlot com o Brasil vai muito bem! Tanto que se diz que ela está se tornando a uva emblemática dos vinhos brasileiros, assim como a Malbec é para a Argentina ou a Carménère para o Chile.
Na realidade, este sucesso tem sido conquistado sobretudo pelos Merlots produzidos especificamente na Serra Gaúcha, a maior e mais tradicional região vinícola do Brasil e onde boa parte dos vinhedos já produzem há mais de duas décadas, tempo suficiente para esta adaptação e para que as vinhas gerem uma produtividade adequada para obter uvas da mais alta qualidade.
A Serra Gaúcha é conhecida por seus altos índices de chuva, que variam de safra para safra e que, nos anos mais chuvosos, prejudica o pleno amadurecimento de muitas variedades, como a Cabernet Sauvignon. A Merlot tem algumas características que a fazem sofrer menos com esta condição climática.
Ela é mais resistente e amadurece mais cedo que a maioria das outras variedades tintas, ficando pronta para a colheita antes dos períodos de maior incidência de chuva, o que favorece o pleno amadurecimento de todos os elementos importantes de um bom vinho, como teor de açúcar, polifenóis e antocianos (os que dão cor ao vinho).
Tem também o saber fazer dos produtores, que já acumulam conhecimento e experiência sobre esta relação da uva com a terra, que combinadas com as técnicas adequadas de elaboração, gera, vinhos da mais alta qualidade e, o que é melhor, com personalidade brasileira.
Tudo isso somado faz com que em praticamente todas as safras seja possível fazer bons vinhos desta variedade. Naquelas em que a natureza é pródiga, trazendo tempo seco e ensolarado, caso da mítica safra de 2005, então somos brindados com Merlots brasileiros realmente fantásticos.
Em todas as safras são sempre vinhos muito prazerosos de se beber. O paladar é macio por conta de taninos bem redondos. É típico da Merlot uma boa acidez, que com o bom amadurecimento das uvas fica muito bem equilibrada com álcool moderado, em torno de 12% a 13%. Estas três características juntas permitem beber vinhos jovens e já bem equilibrados, quando mostram aromas de frutas, como cerejas e ameixas, mescladas a especiarias e aos tostados, quando amadurecidos em madeira.
Diferentemente do que muitos acreditam, os vinhos brasileiros envelhecem muito bem, sobretudo os Merlots. Este tripé de taninos, acidez e álcool permite que o vinho permaneça muito tempo evoluindo em garrafa, revelando depois de alguns anos vinhos ainda frescos, trocando as frutas frescas por secas e pelas compotas.
Por Sonia Denicol
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