Para os judeus os ingredientes usados na culinária são mais do que simples alimentos.
Cada um traz um significado especial, sobretudo nas celebrações importantes como o Rosh Hashaná, Ano Novo judaico, que este ano será comemorado do pôr do sol do dia 4 de Setembro ao entardecer do dia 6. É sempre celebrado no primeiro e segundo dia do mês de Tishrei, marcando um período de 10 dias de auto-exame e introspecção espiritual que culminam no Iom Kipur, o Dia do Perdão.
Acompanhando a celebração espiritual, em que cada um é chamado a uma reflexão de sua própria vida e de suas ações, a farta comida servida nestes dias festivos simboliza todas as boas coisas que se deseja para o ano que virá.
Alimentos doces como o mel, as passas e as tâmaras, por exemplo, simbolizam um futuro mais doce. Frutas como a maçã são presença certa na mesa, seja natural ou em bolos e tortas. Na primeira noite, antes de iniciar a refeição, é tradição mergulhar uma maçã no mel. Por ser muitas vezes azeda, mergulhá-la no mel traz o desejo que a vida se transforme em algo doce.
Os doces são algumas das iguarias mais simbólicas dessa comemoração. São inúmeras as receitas a base de mel e frutas como os Rugelachs, biscoitinhos judaicos recheados com tâmaras e noz pecan.
O bolo de mel é chamado de Leicach, que quer dizer “porção”. Sua simbologia diz que aquele que for um bom observante das tradições judaicas será abençoado com uma boa porção em sua vida.
Chalá, o pão trançado e de forma arredondada, representa a natureza cíclica e eterna da vida, o começo e o fim de tudo.
Rosh Hashaná significa literalmente “cabeça de ano”, o começo de tudo. Durante a refeição é servida a cabeça de peixe, lembrando que o homem deve fazer uso da cabeça para organizar sua vida e suas ações.
O vinho é presença certa nesta celebração. Produzido há mais de 2.000 anos em Israel, sempre representou uma forte tradição nos rituais litúrgicos e uma oferenda a Deus.
Os ingredientes com que são preparados todos estes alimentos são uma dádiva da Terra Santa, reverenciados desde tempos antigos e descritos nos livos sagrados como “Seven Species of Israel”, os sete produtos agrícolas considerados símbolos da fertilidade da terra: o trigo, a cevada, as vinhas que geram o vinho, o figo, a romã, o mel das tâmaras e o azeite proveniente de suas oliveiras milenares.
Uma celebração tão importante quanto esta, repleta de significados e simbologias, se completa com cuidados especiais para receber alimentos preparados com tanto capricho. A mesa é arrumada com linho e louças finas. As pessoas se preparam espiritualmente e usam suas roupas mais especiais. Tudo para reverenciar a Deus, agradecer pela vida e esperar sempre pelo melhor.
Por Sonia Denicol
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