Late Harvest: A História
Descobertas fenomenais acontecem também no mundo dos vinhos e das uvas. E esse é o caso da colheita tardia.
Antes de contarmos a história incrível sobre esse método de produção de vinhos, vamos explicar um pouquinho do que se trata.
Colheita tardia?
A colheita tardia nada mais é do que colher as uvas várias semanas após o período ideal. As uvas vão perdendo água e ficando com mais açúcar concentrado, ou seja, mais doces (como uma uva passa).
A maioria dos vinhos de sobremesa e vinhos doces naturais, são produzidos por este método, entre eles os famosos franceses Sauternes e Muscat, os húngaros Tokaji e os italianos Vin Santo, Malvasia e Moscato.
Há vinhos maravilhosos feitos por colheita tardia, em várias partes do globo. No Novo Mundo, o Chile se superou nos vinhos produzidos com este método, mas também podemos citar o nordeste brasileiro e a África do Sul.
Mas você sabia que a colheita tardia foi descoberta por acidente?
Era uma vez…
Nossa história começa em uma cidadezinha alemã escondida, chamada Fulda, a cerca de 100 km ao norte de Frankfurt.
Durante muitos anos (estima-se que de 1752 a 1802), quem governava Fulda eram o príncipes-bispos, chefes espirituais que também exerciam poder como soberanos da região.
Assim sendo, tudo que acontecia em Fulda precisava do aval do príncipe-bispo, inclusive a colheita de uvas. Na época da colheita, era uma correria: mensageiros indo de lá para cá, para pedir a permissão e voltar a tempo para o viticultor colher as uvas no período ideal, lembrando que as distâncias não eram percorridas com a facilidade de hoje.
Um belo dia, os monges que produziam vinho na colina de São João (Kloster Johannisberg, na Renânia), a 150 km do mosteiro do príncipe-bispo, enviaram o mensageiro Babbert para pegar a autorização da colheita.
No meio do caminho, o pobre Babbert foi assaltado e chegou atrasadíssimo na corte do príncipe-bispo. Até pegar a autorização e voltar pras colinas, as uvas Riesling já estavam bem mais do que maduras, murchando e ressecando na videira.
Os monges suspiraram de frustração, e decidiram fazer o vinho assim mesmo. Fazer o quê, se atrasou, atrasou! O vinho ainda precisa ser feito.
E no que deu?
O resultado foi um vinho doce delicioso que encantou a todos. As Rieslings maduras estavam mais docinhas e o vinho feito com elas era licoroso, diferente de tudo que havia.
Foi aí que começou o processo de colheita tardia, que no século dezenove chegou à Alsácia, na França, onde foi chamada de “vendange tardive”; depois foi para a Itália, como “vendemmia tardiva”; para a Espanha, como “cosecha tardia” e, finalmente, para o Novo Mundo, chamada de “late harvest”.
O antigo mosteiro da colina de São João é, atualmente, um castelo. Dentro dele, existe uma estátua em homenagem ao mensageiro Babbert, que, graças aos seus infortúnios, fez com que hoje a gente se deliciasse com vinhos que acompanham sobremesas e adoçam nossa vida. Valeu, Babbert!
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