Começando pelo Sul
Você quer conhecer a história do vinho no Brasil? Então vamos alguns Estados para o sul, pois é lá que começa nossa viagem!
Você quer conhecer a história do vinho no Brasil? Então vamos alguns Estados para o sul, pois é lá que começa nossa viagem!
Antes de qualquer coisa, vamos nos contextualizar. Estamos no maior país da América Latina, e quinto maior produtor vitivinícola do Hemisfério Sul. O Brasil tem uma boa quantidade de vinhas, mas a maior parte delas é destinada à venda de uvas de mesa: as uvas compradas na feira ou mercado, com cachos inteiros, que são apreciadas no seu estado natural. As uvas destinadas à produção de vinhos finos são cerca de 8% das vinhas brasileiras plantadas, apenas. Mas, ainda assim, nossos vinhos são de qualidade, ainda que tenhamos que brigar um pouco com o clima tropical.
A questão é que o Brasil não é um país muito simples para se produzir vinho. O calor e a umidade não são muito apropriados para a vitivinicultura. Mas a grandeza territorial é nossa carta na manga. Esse é o motivo da história do vinho brasileiro começar lá no sul, o mais longe possível da linha do equador. A maior produção de vinho nacional está localizada no estado do Rio Grande do Sul, um estado próximo à Argentina e ao Uruguai. Mesmo já sendo um local mais frio, muitas das vinhas são plantadas nas regiões mais altas e montanhosas do Rio Grande do Sul, como a Serra Gaúcha.
Agora vamos retroceder alguns séculos. O vinho chegou ao Brasil desde o nascimento do país, junto com os colonizadores portugueses. O primeiro local a tentar ser o berço do vinho foi a região sudeste, em 1532, mas em pouco tempo os portugueses viram que o clima não era dos melhores para a fabricação da bebida.
Em 1626, as uvas chegaram à região sul, junto com os jesuítas, e aí sim a coisa funcionou. Acredita-se que elas foram levadas pelo padre Roque Gonzales de Santa Cruz até o Rio Grande do Sul, e que lá as vinhas contaram com a mão de obra indígena para produzir a bebida essencial das celebrações religiosas das Missões Jesuítas. Os tempos vão passando, e o foco ao vinho do sul vai aumentando, com imigrantes açorianos levando mudas de Vitis vinifera das ilhas dos Açores para a região. Esse é o tipo de videira europeia que mais produz vinhos finos e de qualidade.
A coisa deu uma parada em 1789, quando Portugal proibiu o Brasil de produzir vinhos para comercializar, com receio de que seu próprio mercado estivesse em risco com os vinhos do sul brasileiro. A medida de proteção acaba apenas com a vinda da família real, pois o rei não poderia ficar sem seu vinho, obviamente.
O vinho sulista vai ganhando espaço, até que o pioneirismo gaúcho de um produtor chamado Manoel Macedo traz o resultado de 45 pipas de vinho por ano, concedendo a ele a primeira carta-patente para a produção de vinhos no país. A imigração alemã aumenta ainda mais o foco nos vinhos da Serra Gaúcha. Surgem uvas americanas na região, como a uva Isabel, mais resistente a pragas, e o vinho do sul começa a ganhar variedade. Em 1871, o Brasil começa a exportar os vinhos.
O grande marco é a chegada dos italianos ao sul, a partir de 1875. A sabedoria e a cultura de um povo historicamente amante de vinhos trouxe mais qualidade à produção, e o vinho brasileiro vai crescendo, com incentivo estrangeiro e melhoria das vinícolas. Os últimos 15 anos foram essenciais para o nosso vinho, com as inovações e estímulo da indústria. O resultado são rótulos de excelente qualidade, reconhecidos por mais de 2 mil prêmios internacionais.
Mas ficar aí lendo e sentindo orgulho do nosso vinho sulista não adianta! Experimente um e sinta no paladar a qualidade da região que inaugurou os vinhos no Brasil.
Por Sonoma Brasil
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