Barolo está melhor do que nunca. Porém está em um momento de grande transição.
No início de outubro do ano passado tive o prazer de visitar a região Barolo pela 2a vez.
As vinícolas já douradas e avermelhadas pela transição ao outono, foi um espetáculo de ver. Não podia ter escolhido uma época melhor. A safra recém colhida, os produtores estavam tranquilos para conversar, degustar, passar perspectiva.
Para apreciar Barolo, o Rei do Vinho Italiano, nunca houve um momento melhor.
Os vinhos das últimas safras, os da 2017, 2016 e 2015, foram excelentes. A vinificação mais moderna de hoje traz vinhos mais prontos para tomar enquanto jovem. Também muitos grandes vinhos, sem serem Barolos, também estão sendo produzidos na região.
Em paralelo, as mudanças climáticas são indiscutíveis e inevitáveis. Grandes produtores estão preocupados, alguns já prejudicados.
Ao longo de 4 dias, tive o prazer de visitar 5 das melhores comunas da região e passar tempo com alguns dos maiores produtores. Degustei 150 vinhos.
Nesta matéria de duas partes, ofereço perspectiva para ajudar a entender a região e alguns dos seus melhores produtores, dicas de compra, e avaliações de muitos dos melhores vinhos, alguns já disponibilizados pela nossa curadoria.
Na segunda parte, também uma aprofundada nas transições que impactará tanto produtores quanto apreciadores: o que você precisa saber!
Enófilo curioso ou grande colecionador, espero que esta aprofundada em Barolo seja interessante e útil!.
(Esta matéria é longa. Quer ver imediatamente os Barolos exclusivos da nossa curadoria? Clique abaixo)
A “Borgonha da Itália”
As terras em volta da aldeia de Barolo, numa região de Piemonte repleto de colinas esverdeadas, chamada o Langhe, produzem vinho desde 1250. Porém até 1850 o vinho produzido era doce, meio frisante e, conforme historiadores da região, bastante ruim.
Foi o exílio dos nobres da região francesa da Borgonha para Turim, na Itália, durante o império do Napoleão Bonaparte, que fez com que Barolo virasse o chamado Rei dos Vinhos.
Pela influência de um nobre italiano da região (Marchesi di Barolo) e sua aposta em chamar um famoso viticultor francês da época para trazer técnica e disciplina ao cultivo, colheita e produção da uva local Nebbiolo, que uma primeira safra de “Barolo” foi lançado por volta de 1850.
A diferença de qualidade tão drástica entre o novo vinho e o que havia sido produzido anteriormente fez com que Barolo ganhasse seu primeiro embaixador da marca: o jovem Rei da recém-unificada nova Itália pediu um barril para cada dia do ano.
Ao longo dos próximos 50-80 anos uma outra aportada da Borgonha foi feita: as melhores vinícolas da região também começaram a ser demarcadas por um sistema de “cru”, o mesmo conceito que existia na Borgonha há séculos. “Cru” quer dizer “vinícola especial”, uma designação de vinhedo ou região por características únicas dos vinhos produzidos, principalmente devido ao terroir.
Terroir – não há conceito mais importante no vinho: a união de clima e solo que formam uma paleta única, as vezes, muitas vezes, mais importante que o pintor.
Dos “crus” que possuem o melhor terroir nascem os vinhos mais incríveis, mais caros: os Grand Crus da Borgonha são os vinhos mais caros do mundo.
Em Barolo, o sistema é parecido. Os melhores vinhos vem do melhores “crus”.
MGA?
Desde 2010, em Piemonte, vinhedos “crus” são chamados de MGA’s.
São 170 MGA’s em Barolo, vinhedos únicos designados “especiais.”
Ainda tem 11 MGA’s regionais, sub-regiões que produzem Barolo. A diferença de qualidade entre as sub-regiões é muito significativa.
Entender as MGA’s regionais é um bom primeiro passo.
As mais importantes?
São 5: as comunas de Barolo, La Morra, Serralunga d’Alba, Monforte d’Alba e Castiglione Falletto.
Também importantes: Verduno, por seu vinhedo (MGA) Monvigliero, e Novello pelo vinhedo (MGA) Ravera.
Menos importantes: Cherasco, Diano d’Alba, Grinzane Cavour, Roddi.
Estudando o mapa das 11 MGA’s comunais de Barolo com Veronica, da família do produtor Palladino, peso-pesado da Serralunga d’Alba
Finalmente, ates de começar, a safra é muito importante em Barolo. Diferente da Califórnia ou Argentina ou Chile (onde quase todo ano é bom ou excelente), houve uma diferença drástica em safras na velha europa ao longo dos últimos 15 anos.
Modo geral,
- 2018 – (ainda não disponível) – médio, qualidade varia muito – 3 estrelas
- 2017 – bem bom – 4+ estrelas
- 2016 – estupendo – 5+ estrelas
- 2015 – excelente – 5 estrelas
- 2014 – médio – 3 estrelas
- 2013 – bem bom – 4+ estrelas
- 2012 – bom – 4 estrelas
- 2011 – médio – 3 estrelas
- 2010 – estupendo – 5+ estrelas
- 2009 – excelente – 5 estrelas
Agora, partiu?
Barolo de… Barolo?
Bora começar pelo original e uma das mais importantes comunas.
Barolo é o nome do vinho, o nome da região como um todo, o nome de uma aldeia no coração dela, preservado há séculos e linda de se passear e, também, o nome de uma das 11 MG’s regionais que produz… o vinho Barolo.
Parece que foi feito para se confundir, não é?
Os Barolos da sub-região de Barolo são excelentes. Os solos esão cheios de fósseis, que contribuem para a mineralidade e elegância dos vinhos nos melhores sítios.
DICA
Barolos da sub-região Barolo tendem a ser muito aromáticos, com bastante expressão enquanto ainda jovens, porém com um potencial de guarda enorme, de décadas.
A vinícola mais famosa é Cannubi, um “grand cru” da região, valorizada há séculos.
Outros de bastante renome são Brunate e San Lorenzo.
Já os melhores produtores?
Aposte em Borgogno, Marchesi di Barolo, Damilano, Giuseppe Rinaldi e Francesco Rinaldi.
Destaco alguns aqui.
Giacomo Borgogno
Um dos mais antigos e mais importantes nomes em Barolo, que produz vinho na região desde 1761.
O nome Borgogno vem da Borgonha, influenciada pela nobreza francesa que veio à região (Interessante – o produtor foi processado pelo governo da França para alterar o nome. O produtor ganhou: segue com o nome Borgogno).
Borgogno inventou a ideia do Barolo Riserva, um vinho que estagia por 5 anos, sendo 4 em madeira, antes ser lançado ao mercado. Também possui a maior biblioteca de Barolo do mundo, com vinhos que datam de 1921.
Hoje a produção é orgânica, a partir da safra 2019 todos os vinhos estarão certificados.
São entre os melhores vinhos que já conheci na viagem.
Tanto que fiz questão de iniciar uma parceria.
Veja abaixo alguns rótulos que estamos disponibilizando em oferta especial na venda antecipada
Borgogno Barolo “Cru” Cannubi 2015
O Borgnono Barolo Cannubi 2015 é floral, com hariboo e cereja seca se destacando no olfato, seguido por pedra quebrada e casca de mexerica. Elegante, de corpo médio para encorpado, com cereja, alcaçuz e tabaco no final, um vinho que mostra um lado sensual e ainda sério da Nebbiolo. Taninos aveludados, inigualáveis. Um vinho para colecionadores, mas impossível de resistir agora. Valor: de R$1950 por R$899 no quarteto. Garanta a sua garrafa aqui!
96 Pontos – Wine Enthusiast
94 Pontos – James Suckling
94 Pontos – Wine Spectator
BORGOGNO BAROLO CANNUBI 2015
Borgogno Barolo 2017
Sexy, sutil, polido. Finesse é a palavra. Garnet e cobre na taça, oferece rosa casca de mexerica com cardomomo, tabaco e canela nos aromas, com boca levemente spicy, umami também, cheia de cerejas frescas, sândalo, linda estrutura, taninos excelentes. Um Barolo “feminino”, totalmente sedutor. Confira o Borgogno Barolo aqui!
95 Pontos – Alykhan Karim
Borgogno “No Name” 2018
Uma lenda da viticultura italiana, “o Barolo que não foi.” Chamado pelo Antonio Galloni como “uma das melhores compras no mundo do vinho.” Fui bastante curioso de conhecer. Não decepcionou, foi uma estrela da degustação. Elegante e expressivo, foi pé a pé com vinhos 3x mais caros. Adorei. Clique para saber mais.
95 Pontos – Alykhan Karim
91 Pontos – James Suckling
Damilano
Rótulos imponentes.
Sacolas de presente que parecem ser feitas pelo Hermes.
Um staff inteiro em terno e gravata, uma área de visitação refinado e moderno, de madeira e vidro.
Damilano parece ser mais uma casa de moda de alto luxo do que uma vinícola.
Já sabia que os vinhos da Damilano eram considerados entre os mais “elite” da região. Uma das casas mais antigas, fundada em 1890 pelo Giuseppe Borgogno (irmão do fundador da casa Borgogno, destaque anterior), os vinhos são altamente valorizados pelos próprios italianos, oferecidos em quase todos os restaurantes 3 estrela Michelin ao longo do país.
Será que valiam a pena mesmo?
A resposta simples: sim.
Superam todas as expectativas.
Com uma finesse e precisão que remetia muito os da Borgogno, porém com suas características próprias, os vinhos foram entre os melhores que degustei.
Hoje Damilano também faz parte da curadoria do Sonoma Market, pode adquirir alguns para pronta entrega e outros na venda antecipada.
Seguem alguns dos melhores que provei.
Damilano Barbera d’alba “La Blu” 2019
Um Barbera que mostra o ápice que pode ser atingido com esta uva. Vale (e custa) mais do que muitos Barolos, mas é uma experiência. Aromas carnudos, animais remetem Sangiovese de Chianti Classico. Agora em boca sem mostra opulento com bastante cítrico, sem presença aparente da madeira, apesar das 14 meses em carvalho esloveno. Pureza e equilíbrio total.
93 Pontos
*Não disponibilizado no mercado brasileiro
Damilano Barolo Lecinquevigne 2016
Um blend de uvas de 5 vinhedos Cru, de cor ruby e laranja, com aromas tradicionais de rosas e alcatrão, tabaco, violeta. Um palato amplo mas bastante aperfeiçoado, um galão em garrafa, aveludado. A pureza da fruta é o destaque.
94 Pontos – James Suckling
93 Pontos – Robert Parker
93 Pontos – Wine Spectator
92 Pontos – Wine Enthusiast
Damilano Barolo Cannubi 2016
Top 4 Barolos da safra pelo Suckling. #1 Barolo Cannubi. Realmente extraordinário, uma experiência sensorial que vai de cereja a ameixas suculentas com traços de cação, floresta, com taninos finos mas bem musculares, equilíbrio impecável, uma persistência de quase um minuto. Estupendo. Valor: de R$ 2.100 por R$ 899,90 no quarteto.
98 Pontos – James Suckling
97 Pontos – Robert Parker
93 Pontos – Wine Spectator
Damilano Barolo Liste 2006
Um privilégio, dificilmente acha Barolo já guardado por 15 anos e pronto para tomar. Liste é um dos Crus que gera vinhos bastante impactante e potentes e este hoje ainda mostra estrutura e potência, com cerejas opulentas, alcatrão, rosas, taninos vigorosos e lembranças de carvalho que estão integrados e harmoniosos.
94 Pontos – James Suckling
93 Pontos – Wine Enthusiast
93 Pontos – Alykhan Karim
Damilano 1752 Cannubi Cru Riserva 2011
Joia da coroa da Damilano, um Riserva envelhecido por 5 anos, da melhor seleção de uvas do vinhedo Cannubi. Um “grand cru de grand cru’s.” Etéreo.
97 Pontos – James Suckling
94 Pontos – Robert Parker
A maciez da La Morra
Foi uma delícia ficar hospedado em La Morra.
Um vilarejo charmoso, a comuna mais alta de Barolo, oferece lindas vistas panorâmicas do Langhe. Adorei correr de manhã: descer e subir as colinas íngremes oferece um visual espetacular.
La Morra é famosa pelos Barolos mais sedosos e elegantes, “femininos”, que fogem do preconceito que o Barolo é um vinho austero, tânico, pancadão.
Adoro os vinhos de La Morra por esta sensualidade. Talvez não sejam tão longevos quanto os da Serralunga (os melhores vão uns 20-30 anos na adega em vez de 40-50), porém são bem mais “approachable” enquanto jovem, sem sacrificar qualidade e complexidade .
Dica: Para quem está começando em Barolo e não tem paciência para deixar um vinho 10 anos na adega, comece por um produtor de La Morra. Os vinhos agradam todos os paladares
Os nomes mais renomados em La Morra são Renato Ratti, Michele Chiarlo, Oddero e Roberto Voerzio.
Voerzio ganha, foi o primeiro produtor a receber 100 Pontos pelo Parker durante o reinado do titã americano, junto com Giacomo Conterno de Monforte d’Alba talvez seja o melhor de Barolo hoje… Os vinhos são extremamente caros, para grandes colecionadores.
Agora produtores abaixo do radar, que valem muito a pena procurar?
Silvio Grasso, Cordero di Montezemolo, Mauro Veglio, Elio Altare, e um favorito da gente, Collina San Ponzio.
Renato Ratti
Um dos grandes nomes de La Morra, um produtor histórico responsável pelo primeiro mapeamento de Crus (hoje as MGAs). A mapa dela ainda serve como base. Os vinhos são feito em estilo antigo – longas macerações geram vinhos tânicos e vigorosos, diferente do estilo atual dos outros produtores de La Morra.
Renato Ratti Barolo Marcenasco 2015
Um núcleo bem compacto de cereja da lugar a toques de baunilha e especiarias, menta e anis estrelado, um ferroso sanguino em boca, com taninos bastante compactos ainda e bastante corpo. A acidez está boa e o vinho está entrando na janela para tomar, melhorará sim com 10 anos mais de idade, mas nunca oferecerá a macia expressão da Nebbiolo pela qual La Morra é famosa.
92 Pontos
*Não disponível pelo Sonoma Market, pode achar online em diversas lojas.
Melhor café da manhã não existe, isso com certeza.
Silvio Grasso
Silvio Grasso é um segredo de La Morra. Seus vinhos não são conhecidos no Brasil, importados apenas uma vez, com exclusividade pelo Sonoma Market.
Bastante respeitado entre outros produtores da região por oferecer vinhos de alta qualidade com valores razoáveis, Bastante gentil e os vinhos são lindos exemplificam o que é La Morra Barolo é para mim: maciez, elegância, classe.
Silvio Grasso Barolo 2018
La Morra, terroir deste belíssimo exemplar da safra 2018, se apresenta como um instigante contraponto à poderosa estrutura tânica dos Barolos de Serralunga ou Monforte d’Alba. Sedutor e envolvente, este Barolo amadureceu em barris de carvalho francês por 24 meses, seguido por mais 12 meses em garrafa antes de deixar a adega da propriedade. Confira o Silvio Grasso Barolo aqui!
97 Pontos – James Suckling
Silvio Grasso Dolcetto 2020
Seu nível de entrada foi um dos meus favoritos. Sem madeira, sem inox, passa por concreto é engarrafado, oferece a acidez brilhante e frescor que a maioria de Dolcettos sonham em se ter. Fresco, limpo, bonita, com taninos e especiarias sutis.
91 Pontos
*Não disponível no Brasil
Silvio Grasso Barolo Bricco Manzoni 2015
Outro favorito é o vinho que ele mais se orgulha. Bricco Manzoni é a vinícola mais velha da propriedade, rende apenas 1500 garrafas por ano. Fantástico o vinho, cremoso, com balsâmico, geleia de amoras e framboesas, com um meio palato totalmente macio e elegante, com taninos sedosos, muito agradáveis, pouco perceptíveis no primeiro gole. Está todo no lugar, nada faltando e nada sobrando, o vinho está em plena harmonia (após ter sido decantado por 90 minutos).
96 Pontos
*Infelizmente não disponível no Brasil, se der para provar em viagem a outro país eu recomendo
Collina San Ponzio
Velho favorito dos clientes do Sonoma Market, os vinhos de Collina San Ponzio ano após ano se destacam pelos valores fantásticos, vinhos “artesanais” (digo, feito por famílias produtoras que plantam, cultivam e elaboram por conta própria) sem os custos elevados associados.
Para uma porta de entrada ao Barolo (e os outros vinhos do Langhe), são insuperáveis.
Collina San Ponzio Langhe Chardonnay 2020
Delícia de Chardonnay com bom corpo e untuosidade, abacaxi grelhado, pera madura, flores dourados, maça e banana. Tropical total, macio, um excelente acompanhante para refeições com frutos do mar. Valor: de R$ 150 por R$ 79,90 e R$ 73,90. Conheça esse Chardonnay do Langhe aqui!
90 Pontos – James Suckling
Collina San Ponzio Barolo 2017
Um profundo vermelho em taça com uma borda de tijolo e cobre. No nariz mostra pouco, meio apagado ao abrir, mas em boca entrega harmonia, elegância, nada tânico demais, um toque de balsâmico, fruta suculenta e muito fácil de tomar. Um excelente Barolo para abrir agora ou ao longo dos próximos 5 anos.
92 Pontos – James Suckling
90 Pontos – Decanter
COLLINA SAN PONZIO BAROLO 2017
Collina San Ponzio Bric dei Pittatori Barbera d’Alba Cru 2019
De um vinhedo único onde a família possui uma parcela, de vinhas de 40 anos, este Barbera é concentrado e sério. Fechado no nariz ao abrir, em boca mostrou uma densidade de fruta, cerejas amarenas e framboesas maduras, com boa acidez e um final levemente spicy. Senti um toque de carvalho francês, mas muito mais sútil da safra anterior. Excelente estrutura, para ganhar complexidade na guarda.
90 Pontos – James Suckling
Bastante coisa! Espero que tenha sido útil.
Na próxima parte desta matéria, falarei das outras 3 comunas mais importantes, com alguns rótulos incríveis e novos oferecidos por nossa curadoria:
- Monforte d’Alba (pense em Giacomo Conterno, Conterno Fantino, e Attilio Ghisolfi),
- Castiglione Falletto (entre os Barolos mais “perfeitos”)
- Serralunga d’Alba, poder engarrafado, mas as vezes com elegância surpreendente (Schiavenza, Palladino são grandes nomes, La Biòca um favorito abaixo do radar).
Também passarei a perspectiva de grandes produtores na mudança climática e os novos trends de vinificação e consumo e o que todo isso significa para nós consumidores.
Enquanto isso, fique com nosso ranking dos Os Top 10 Barolos de 2022!
Fique ligado!
Abraço
Alykhan Karim
CEO – Sonoma Market