A paixão dos italianos pelo vinho vai além das regiões de Piemonte e Toscana.
Muita gente pensa que única bebida famosa vinda da Sicília é o suco de limão siciliano (que, aliás, vem da Índia!), mas basta pesquisar sobre o assunto para se surpreender sobre essa ilha. A Sicília, ao sul do país, também merece ser lembrada, e produz mais do que apenas o tradicional vinho Marsala.
É possível entender melhor a fascinação dos sicilianos pela bebida conhecendo a história do local, pois há quem diga que a Sicília é um museu ao ar livre, como ocorre nas regiões de Agrigento e Palermo, sua capital.
Devido à sua posição geográfica, a Sicília sempre teve um papel de importância nos eventos históricos que tiveram como protagonistas os povos do Mediterrâneo. Sua localização foi algo que trouxe reflexos positivos para suas características: independente, e ao mesmo tempo, ligada ao restante da Itália. Ao longo de sua história, a Sicília foi colonizada, dominada e miscigenada por inúmeras civilizações. E foi de uma cultura herdada que o vinho chegou até lá.
Um amor antigo
A cultura do vinho na Sicília vem lá de trás, e põe tempo nisso, foi há 3.500 anos que os primeiros colonos gregos se instalaram em sua costa, trazendo consigo suas vinhas. Junto a outras espécies nativas de videiras, as vinhas trazidas floresceram de forma exuberante, graças às condições climáticas extremamente favoráveis, e com seus frutos começaram a produzir o vinho na região. O auge se deu no século XVIII, quando os ingleses criaram o Marsala, por isso se tornou tão famoso.
Além de uma linda paisagem, o lugar hoje é palco de um dos vinhos mais em moda no Mediterrâneo.
Quem ouve falar nessa ilha, logo pensa em luas de mel, boa comida e cenários inesquecíveis.Pouco se fala, porém, dos vinhos sicilianos. De fato, por muito tempo seus vinhos não chegaram aos pés da Toscana, Piemonte e Vêneto.
Há pouco mais de uma década, porém, a região sofreu uma verdadeira revolução. A Sicília é assim, uma transformação de diferentes estilos que, enfim, conseguiu tomar forma.
Uva Nero D’Avola
Também conhecida como Calabrese, a uva tinta mais importante da Sicília é originária da região, sendo um tipo que aparece mais frequentemente em vinhos varietais, elaborados com um único tipo de uva.
Sua origem é antiga, surgiu na cidade Avola, ao sul da ilha na província de Siracusa, onde a uva foi provavelmente descoberta por produtores locais. Hoje é cultivada por toda a ilha, mas com maior destaque na região sul, graças a seu clima e solo, ideais para o desenvolvimento da Nero D’Alvola.
Ela é responsável por alguns dos melhores tintos da Sicília, além fazer parte do vinho Marsala. Também muito comparada à uva Syrah, por suas características físicas, odor, textura e preferência por regiões geográficas mais quentes e ensolaradas. Quando vinificada sozinha, produz vinhos de cores intensas e valorizados pelo envelhecimento, especialmente quando passa por barricas de carvalho. Com ela, também é possível produzir vinhos com sabores de ameixa, cereja e pimenta.
É com suas uvas mais típicas que ganha tradicionais aromas de couro. Mas é um couro diferente, mais leve e suave, que logo explica a frescura das frutas e mineralidade na taça.
Não é à toa. O solo vulcânico, principalmente por causa do grande monte Etna (maior vulcão ativo na Europa), deixa o local perfeito para a produção de vinhos “realmente distintos”, como disse a famosa crítica inglesa Jancis Robinson.
Priorizando a qualidade
Por muito tempo a qualidade foi substituída pela quantidade, fazendo com que a região se tornasse uma exportadora de vinhos a granel, inclusive para outras regiões da Itália. Mas o cenário felizmente mudou.
Apesar de a cultura ser antiga, nos últimos anos a região tem se empenhado muito para mostrar seu potencial, que busca fugir da produção em escala e tem apresentado pequenos produtores locais, com seus saborosos e delicados vinhos. Hoje são os secos, brancos, rosés e tintos que saem de lá para conquistar o mundo todo.
Por Sonoma Brasil
Conheça os produtos da Sonoma!