Vinhos de altitude são raros no mundo. Mas não para a Argentina, quinto produtor mundial e com metade de sua superfície cultivada a mais de 1.000 metros de altura, que vem estudando esse terroir com muita atenção e rigor científico.
A noroeste do território brilham os Valles de Calchaquíes, onde a altura de seus vinhos alcançam inacreditáveis 3.000 metros de altitude. Uma região consolidada pela expressão única de seu Malbec e também da Torrontés. Aqui grandes destaques são os produtores San Pedro de Yacochuya e Colomé, y El Porvenir, entre outros.
Agora, nas alturas de Mendoza, mais precisamente no Valle de Uco, nos degraus de Tupungato, Gualtallary, La Consulta, Paraje Altamira e Vista Flores, existe uma exploração de uma panorama de terroirs diferentes e cada vez mais demarcadas em vinhedos especiais, uma tapestria que está chegando a remeter uma (ainda básica) versão andina dos Crus da Borgonha.
Resultado de 30 anos de consolidados estudos, investimento e ousadia de enólogos e produtores, estão saindo dessa região alguns dos melhores vinhos do mundo.
Mas por que são tão bons assim?
Mais a Borgonha do que o Rhône…
Os vinhos em parcelas, prática dessas regiões de altitude, oferecem principalmente textura, acidez, longevidade e complexidade.
Essas regiões, reconhecidas como as áreas mais frias da viticultura no país, contam com um importante fator: a altitude como moderador de temperatura.
Você sabia que a cada 150 metros de altura a temperatura diminui 1°C? Por exemplo, um vinhedo plantado a 1.000 metros, oferece uma diferença de temperatura média em torno de 4°C em comparação com outro a 1.600 metros.
Parece pouco? Acredite, não é. Enquanto o primeiro tende a produzir vinhos mais frutados, opulentos e estruturados, o segundo tende a entregar aromas mais complexos, taninos firmes e uma acidez mais vibrante.
E, como sabemos, acidez é a espinha dorsal do vinho. Um vinho com boa acidez e bom equilíbrio tem grandes chances de ganhar complexidade na guarda.
É o que está acontecendo nas alturas do Valle de Uco!
Além da temperatura, a altitude também exerce forte influência na radiação e na tipicidade dos solos, um autêntico rompecabezas que têm aportado grande qualidade aos vinhos argentinos, sobretudo pela atitude de disruptivos e talentosos produtores, como Alejandro Vigil (El Enemigo), Juan Pablo Michelini (Zorzal), Altos Las Hormigas, Zuccardi, Achaval Ferrer, entre outros. Fascinante!
Finalmente, o winemaking também mudou para acompanhar os novos sítios privilegiados. Muito menos barrica nova, mais ovos de concreto e tanques de inox, muito menos intervenção nas vinhas, uma abraçada da tendência da viticultura orgânica…
Hoje a viticultura dos melhores sítios de altitude em Mendoza reflete mais a Borgonha do que o Rhône. Os vinhos são sutis e refinados se comparar com os tradicionais e opulentos vinhos mendocinos.
Os Melhores Vinhos?
Ano após ano, seus vinhos ocupam mais destaque na crítica internacional, onde brilham os tintos de Malbec, Cabernet e Pinot Noir, como os elegantes Bodega Norton Altura Malbec Valle de Uco 2018, Sophenia “Altosur” Reserve Malbec Gualtallary 2019, Altos Las Hormigas Malbec Terroir Valle De Uco 2016 (Orgânico/Biodinâmico) e, claro, o emblemático Achaval Ferrer Finca Altamira 2014, são alguns grandes destaques de Malbec de altitude.
A Pinot Noir também se destaca com uma personalidade singular, perfeitamente expressas no Zorzal Eggo “Filoso” Pinot Noir 2019, sempre muito bem pontuado pelos críticos e no Bodega Norton Altura Pinot Noir Valle de Uco 2020.
Alejandro Vigil, enólogo e proprietário de El Enemigo, com marcante passagem pela Catena Zapata, explica seu fascínio pelo Valle de Uco, “o Cabernet Franc me seduziu pelas mesmas razões que o Malbec: o lugar tem precedência sobre a variedade”.
E por falar em Cabernet Franc, o surpreendente Zorzal Eggo “Franco” Cabernet Franc 2019 e o disruptivo Calle Contastini Valle de Uco Parje ALtamira Malbec / Petit Verdot 2019 corroboram o posicionamento de Vigil, simplesmente fantásticos!
Se os tintos já ocupam um lugar de destaque, os brancos, onde a Chardonnay, Sauvignon Blanc e Sémillon, como Adrianna Catena White Stones e White Bones, Zorzal Eggo Blanc de Cal e Altar Uco redefinem as fronteiras e os estilos dos vinhos do Novo Mundo, criando complexas nuances que vão além da fruta e da opulência do calor mendocino. E ao somarmos a experiência de vinhas velhas do Calle Constantini Blanco Canoso Chardonnay de Viñas Viejas Valle de Uco 2020 esta descoberta se torna ainda mais irresistível.
Os nossos favoritos Argentinos de Altitude: Top 7 Vinhos
Calle Constantini Valle de Uco Paraje ALtamira Malbec / Petit Verdot 2019
Uma novidade disruptiva que chegou recentemente na nossa curadoria, dificilmente ficamos impressionados por um vinho assim! Malbec entrega maciez de textura, enquanto a pitada de Petit Verdot estrutura e profundidade. 94 Pontos – Alykhan Karim |
Norton Altura Pinot Noir 2020
Deslumbrante, elegante. morango maduro, baunilha, mocha e aromas de flores e ervas secas. De corpo médio, tem deliciosa acidez e mineralidade refrescante. 95 Pontos – Guia Descorchados |
Zorzal Eggo Blanc de Cal Sauvignon Blanc 2019
Mereceu 96 Pontos pelo Descorchados, “este Sauvignon transcende o caráter varietal para se expressar como um grande branco de Gualtallary. Aqui encontram-se notas salinas, tons minerais e uma profundidade de sabores que falam da qualidade da fruta que se obtém dessas vinhas”. Considerado Top 10 Brancos da Argentina 96 Pontos – Guia Descorchados |
Norton Altura White Blend 2020
Um irresistível blend de 50% Sauvignon Blanc e 20% Grüner Veltliner, de San Pablo, e 30% Sémillon, de Altamira, minuciosamente elaborado pelo enólogo David Bonomi, eleito melhor enólogo da Argentina em 2020. 93 Pontos – Guia Descorchados |
Norton Altura Malbec 2020
“Estrela” na nossa degustação de sommeliers. A passagem de 12 meses por barrica quase nem se aparenta. Carnudo e animal, depois floral. Majestoso, macio, com brilhante mineralidade surpreendente. 93 Pontos – Alykhan Karim |
Calle Constantini Blanco Canoso Chardonnay de Viñas Viejas Valle de Uco 2020
Juan Pablo Lupiañez, assina este branco elaborado a partir de Chardonnay de vinhas velhas com uma pitada de Semillón (2%) de Paraje Altamira, envelhecidas em ovos de concreto. Um achado! |
Zorzal Eggo “Franco” Cabernet Franc
“Um dos melhores Cabernet Francs da Argentina hoje”, segundo o Guia Descorchados, elaborado nas alturas de Gualtallary. Complexos aromas de cerejas, framboesas e groselhas maduras, nuances terrosas, frescor uma longa e cativante persistência.” 96 Pontos – Guia Descorchados |
Um abraço,
Equipe Sonoma Market