Guia Definitivo de Bordeaux parte 2, com dicas e orientações de como melhor apreciar o seu vinho de Bourdeaux, escrito de maneira descontraída e objetiva!
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Guia Definitivo de Bordeaux – parte II: sub-regiões

Tem muita coisa para falar de Bordeaux quando pensamos em suas regiões… Mas vamos dar uma dicas útil para começar.

Tem muita coisa para falar de Bordeaux quando pensamos em suas regiões… Mas vamos dar uma dicas útil para começar.

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Quanto menor a denominação, melhor o vinho. É por isso que os melhores vinhos de Bordeaux não estampam seu nome no rótulo, mas o da sub-região. E por ser tão grande, a região francesa possui dezenas delas. Difícil seria conhecer todas…

Vamos falar das principais regiões e te ajudar a escolher as que mais gosta de acordo com o estilo de vinho, as uvas, os preços…

Tem a ver com o rio…

Extensa, Bordeaux é formada por diversas comunas. E adivinhe só? Cada uma se tornou uma denominação de origem (ou apelação, como chamam os franceses). Pode parecer frescura, mas não é. Para conseguirem estampar o nome da denominação de onde saíram, os vinhos passam por longas e rigorosas avaliações.

Podemos dizer, de modo geral, que Bordeaux se divide em três partes ao longo do rio Gironde: margem esquerda, margem direita e Entre-Deux-Mers (“entre dois mares”, em francês). Daí, então, já dá para tirar algumas conclusões: à direita do rio, predomina a Merlot, enquanto que à esquerda, Cabernet Sauvignon; já Entre-Deux-Mers é conhecida por seus brancos. Ah, e é bom ter isso sempre em mente, afinal, os vinhos de Bordeaux não costumam estampar a uva no rótulo, mas pela denominação já dá para saber!

Obviamente é muito mais complicado do que parece! Mas vamos simplificando…

Margem esquerda

O que sabe sobre a margem esquerda, tirando o fato de nela predominar o cultivo da Cabernet Sauvignon? É onde estão alguns dos maiores nomes de Bordeaux. São grandes as chances de já ter ouvido falar em alguns dos rótulos e vinícolas de peso que de lá emergiram.

Médoc

Talvez seja essa a subregião de Bordeaux de maior importância. Ao menos é a primeira a ser lembrada (e a mais cara também…). Formada por seis comunas, das quais quatro são extremamente famosas, Médoc começa na cidade de Bordeaux e se estende por 50 quilômetros ao longo do Gironde.

Saint-Estèphe, Pauillac, Saint-Julien e Margaux são tão prestigiadas justamente por terem o que muitos consideram o melhor terroir de Bordeaux (e estão todas em Médoc!). Não à toa, estão em peso na lista dos primeiros classificados de 1885 (o que é isso? Descubra na próxima parte do guia!).

Saint-Estèphe

O estilo mais rústico dos vinhos de Saint-Estèphe nasce junto à foz do Gironde. Para contrariar a maioria dos châteaux de Médoc, os daqui preferem Merlot à Cabernet Sauvignon. Mas não espere um Merlot macio, característica tão tradicional uva. Estes são densos e poderosos. É o Château Cos d’Estournel, com seus vinhos ricos e expressivos, que se destaca na região.

Pauillac

Château Latife-Rothschild, Château Mouton-Rothschield e Château Latour. Precisa de mais? É em Pauillac que estão 18 dos 61 maiores vinhos de Bordeaux (lembra da classificação de 1885 que mencionamos? Aguarde e descobrirás…). Encorpados e luxuosos, com distintos toques de groselhas negras e oxicoco (cramberry!).

De lá, saem vinhos com potencial de guarda incomparável – de 20, 30, 40, 50 anos! É exatamente por isso que esses vinhos fazem a base do mercado de vinho de investimento. Um leilão de vinhos pelo Sotheby’s? Pode ter certeza que Paulliac será a estrela. E, como já deve estar imaginando, se a escolha for um Pauillac, é bom preparar o bolso com muitos dígitos (mais do que está pensando)!

Saint-Julien

Precisos e refinados, certinho, corretos… É assim que são os principais vinhos de Saint-Julien. Destacam-se por lá o Château Ducru-Beaucaillou, Château Gruaud-Larose e Château Gloria (o Bordeaux perfeito para os amantes da região que procuram vinhos a preços um pouco mais acessíveis do que nas outras regiões).

Margaux

Além de, obviamente, o Château Margaux (um dos principais do mundo), a região abriga ao menos outras 20 propriedades bem conceituadas. Com um dos solos mais favoráveis de Médoc, composto principalmente de cascalho, é de lá que saem os melhores vinhos das melhores safras. A denominação é conhecida pela elegância, refinamento e generosos aromas de frutas vermelhas, tostado, café e até trufa. Procure vinhos do Château Margaux, Château Palmer, Château Rausan-Ségla e Château Angludet e não se arrependerá!

Graves

Assustado com os preços? Não se preocupe, seu lugar existe e é em Graves, lar dos vinhos mais em conta de Bordeaux.

É da mistura entre cascalho e quartzo que o solo dos melhores châteaux de Graves são compostos. O próprio nome da apelação deriva da palavra francesa “gravier”, que significa cascalho.

Além da Cabernet Sauvignon, variedade que domina a região, Merlot e Cabernet Franc são usadas com bastante frequência. E preste atenção, pois estamos falando de uma das únicas partes de Bordeaux que fazem tanto vinhos tintos como brancos. Em se tratando destes, a maioria resulta do corte de Sémillon e Sauvignon Blanc.

Vinhos de algumas das mais antigas vinícolas de Graves chegavam na Inglaterra antes mesmo do século 12. Sendo assim, no século 16, alguns châteaux já eram conhecidos e tinham sua boa reputação conhecida, como é o caso do Château Haut-Brion, um dos mais tradicionais da região. Tão grande era a fama da propriedade, que é a única representada nos classificados de 1885.

Acontece que, alguns daqueles considerados melhores vinhos de Graves, agora pertencem a uma importante denominação que a região congrega, Pessac-Leógnan. É especificamente de lá que saem os mais conceituados brancos e tintos de Graves.

Sauternes e Barsac

Ao sul de Graves, ainda ao longo das margens do Gironde, estão situadas as comunas mais doces de Bordeaux. É de Sauternes e Barsac que estamos falando, provavelmente as mais devotas aos vinhos de sobremesa. Mais do que simplesmente doces, com deliciosas notas de mel e damasco, equilibram como nenhum outro acidez e álcool. Além de Sémillon, cepa que reina na região, alguns vinhos também contém Sauvignon Blanc, ambas atingidas com a dita “podridão nobre”… “Podridão nobre?!” Isso mesmo, clique e saiba mais sobre ela (não se preocupe, ela é do bem!).

O clima é um fator tão determinante para que as uvas sejam naturalmente atingidas pelo fungo, que os melhores châteaux simplesmente se recusam a vinificá-las nos anos em que umidade e calor não foram ideais. Para se ter uma ideia, um dos mais renomados, o Château d’Yquem, não chega a produzir uma garrafa sequer ao menos duas vezes numa década. Parece loucura, mas preferem lidar com os prejuízos de um ano sem produção a abaixar o padrão de qualidade de seus vinhos.

Margem direita

Cruzar a margem do Gironde é como viajar para outra região. As comunas à direita em nada lembram as da margem esquerda, com luxuosos châteaux e vinhedos enormes. São mais modestas , menos conhecidas (com uma exceção) e, além disso, quem domina a região é a Merlot, e não a Cabernet.

Saint-Emilion

Quanto menor o vinhedo, menos mão de obra necessária, certo? É isso mesmo que acontece em Saint-Emilion, e justamente por essa razão que os vinhos são, em sua maioria, feitos pela própria família dona da propriedade. Um dado curioso sobre a região apenas confirma o fato: para cada três habitantes existe um château.

Diferente das outras, Saint-Emilion é toda distribuída em colinas de calcário, as chamadas côtes. Além disso, é a comuna mais medieval de Bordeaux, chegando até a lembrar uma fortaleza. Os melhores vinhos da denominação saem do Château Cheval Blanc, Château Magdelaine ou Château Ausone.

Pomerol

A menor das subregiões de Bordeaux é também uma das que mais atraem olhares dos apreciadores da região. O mais curioso é que, até o início do século vinte, passava despercebida. O motivo da reviravolta? Simplesmente por ser a casa de um dos mais prestigiados châteaux do mundo, o Pétrus. É lá, portanto, que estão os vinhos mais caros de toda Bordeaux.

Mais de 70% da região é coberta por Merlot e o restante é praticamente exclusivo de Cabernet Franc. Isso porque seu solo resulta da mistura entre argila e carvalho, perfeito para ambas.

Nas melhores regiões de Pomerol nascem vinhos aveludados e ricos em notas de ameixa, cacau e violetas. Vinhos que combinam intensidade e elegância. É por essas características que é mais fácil encontrar Bordeaux de Pomerol num restaurante a um vinho de outras subregiões. Eles são fáceis de beber e não precisam de tantas anos de guarda para chegarem ao auge.

Entre-Deux-Mers

Como o próprio nome já diz, a região se encontra entre os rios Dordogne e Garonne. Nunca ouviu falar nela? Pois é… É um tanto quanto marginalizada mesmo, principalmente quando comparada às demais denominações de Bordeaux. Nunca seus vinhos foram classificados e a maioria dos tintos, inclusive, não segue as regras da denominação Entre-Deux-Mers, se enquadrando apenas como Bordeaux ou Bordeaux Superiéur (isso é assunto para a terceira parte do guia).

Lá, os brancos é que dominam. Feitos principalmente de blends de Semillón, mas também de Sauvignon Blanc e Muscadelle, são florais com um toque picante. E por não estagiarem em barrica, ganham leveza e frescor como nenhum outro.

Escrito em grego?

Afinal, como ler um rótulo de Bordeaux? Bordeaux Superiéur, Cru, Grand Cru… O que é tudo isso? Que classificações são essas? Não está entendendo nada? Calma, calma! Tudo isso na terceira parte do guia definitivo de Bordeaux, não perca!

Enquanto isso, vá bebendo uma boa taça bordalesa!

Por Gustavo Jazra

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Blog Sonoma Market

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