3° Guia sobre Brunello di Montalcino, vinho de origem toscana é um dos maiores e mais importantes da Itália e também um dos mais procurados pelos brasileiros.
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Guia Brunello di Montalcino (Parte 3 de 3)

Tudo que precisa saber sobre o Brunello di Montalcino, parte 3 de 3.

Nas últimas duas etapas desta matéria, exploramos os diversos vinhos de Montalcino e seus diferentes métodos de produção, as grandes diferenças de terroir entre as sub-regiões e a importância das safras . Se você leu tudo, já está armado com informações para fazer sua próxima compra. 
Mas faltam algumas coisas, segredos que ninguém em Montalcino quer que você saiba… Além disso, algumas dicas francas nossas para ajudá-lo em sua próxima compra.Vamos começar?Já ouviu falar no Brunellopoli?

Foi o nome dado pela imprensa italiana ao maior escândalo sobre os vinhos do país.

Em 2008, os jornalistas James Suckling e Franco Ziliano reportaram que suspeitaram que muitos dos maiores nomes do Montalcino estavam usando outras uvas além da Sangiovese em seus vinhos, de modo que aumentassem a produção e as vendas. Fazer um vinho que não seja 100% Sangiovese Grosso é estritamente proibido pelas regras da DOCG e pelo Consorzio di Brunello di Montalcino. Após investigação, mais que 7 milhões de garrafas de Brunello foram apreendidas e desclassificadas para Rosso Toscano IGT, inclusive os de alguns dos maiores e mais influentes produtores da DOCG: Castello Banfi, Frescobaldi, Argiano, Castelgiocondo, entre outros.

Anos depois, o assunto ainda não foi encerrado (e pela influência desses produtores na região, talvez nunca será). Apesar disso, após a decisão dos EUA em 2008 de bloquear qualquer produtor que não mostrar que seu vinhos contém 100% Sangiovese, certificado pelo análise laboratorial, pelo menos podemos ter certeza da qualidade da integridade das safras 2009 para frente.

DICA – A maioria dos Brunellos suspeitos já foram desclassificados, mas para segurança adicional, se for apostar em um Brunello das safras anteriores a 2007, escolha um produtor pequeno. Evite Brunellos de 2002 e 2003.

Se lembra dos vinhos de Sant’Antimo DOC que mencionamos na primeira parte deste Guia?

Eles são bons e, em alguns casos, excelentes, e valem muito o preço. Mas a DOC serve para uma outra função além da produção desses vinhos.

Em safras desafiadoras, com pouco rendimento, ou até nas melhores, com altíssima qualidade, muitas vezes uma parte da Sangiovese cultivada em vinícolas designados Sant’Antimo DOC são usados para Rosso di Montalcino. Os vinhos do Rosso di Montalcino DOC comandam preços de 50% a 100% mais altos que dos Sant’Antimo, e muitos produtores aproveitam desse fato para melhorar o “top line” (receitas) das suas empresas com o uso de uvas não oficialmente designadas.

Não é permitido, mas é quase impossível provar e, na verdade, em alguns casos existe pouca ou nenhuma diferença entre a qualidade da Sangiovese plantada em uma parte da vinícola designada Sant’Antimo DOC e em uma outra parte prestigiado pelo Rosso di Montalcino DOC.

Mas, se quiser ter certeza absoluta da qualidade e integridade do Rosso que for comprar, siga a nossa dica.

DICA – Muitos dos melhores Rossos são “Brunellos desclassificados”, feitos por produtores em safras difíceis; eles decidem produzir Rosso di Montalcino por causa de uma safra desafiadora ou por perceber que algumas uvas não chegaram em um ponto de maturação ideal para fazer Brunello. Nesses casos, quem ganha é o Rosso, e o consumidor, que consegue um ‘baby Brunello” por 30 – 40% do preço!

Hoje, os maiores produtores da região são Banfi e Frescobaldi, seguido pela família Castellani e Castiglione del Bosco. Pelo volume da produção, muitas vezes superando 1 milhão de garrafas anualmente, no caso da Banfi, fica quase impossível produzir vinhos vindo só do próprio terroir (apesar dos 2.800 hectares que a Banfi controla).

A compra de vinho, então, se torna primordial. Hoje esses produtores pagam € 13 por litro de Brunello, fazendo com que qualquer produtor pequeno que não queira produzir vinho próprio possa garantir um rendimento. Entretanto, um assunto que dificulta muito para o consumidor é como se existisse um piso para o preço de uma garrafa de Brunello. É impossível comprar um Brunello – qualquer Brunello – por menos de € 11 ou € 12 (preço importação na vinícola), resultando em um preço mínimo de R$ 230 ou R$ 240 no Brasil, após todos os tributos.

A outra parte difícil é a qualidade: pela enorme proporção da produção dessas casas, é impossível degustar o vinho antes comprá-lo. As grandes empresas mencionadas compram líquido, qualquer líquido designado Brunello DOCG, de qualquer produtor, e fazem seus “blends” em grandes tanques de dez mil litros. Padronizam o vinho, mas quitam toda a essência de terroir que muitas vezes procuramos na taça. O pior é que, em alguns casos, os vinhos são comprados já engarrafados sem “blending” e vendidos aos diversos supermercados da Europa como sendo um rótulo exclusivo. Nesses casos, a variação dentro da garrafa de um vinho de uma única marca é enorme.

Não queremos dizer que as grandes “marcas” mencionadas produzem vinhos ruins: muitos dos melhores terroirs de Montalcino pertencem a esses produtores, e geralmente seus rótulos principais são feitos por grandes enólogos com as melhores seleções de uvas.

O problema reside na compra da “marca”: se você está buscando grife, prepare-se para pagar o dobro para um vinho que em muitos casos foi somente engarrafado na propriedade destacado no rótulo. Fica a dica 😉

DICA – Na busca de máxima expressão de terroir e qualidade? Vá dos “crus”, vinhos de parcelas únicas de terra, delineadas pela qualidade e pureza de expressão. Também aposte nos produtores médios e pequenos, com menos de 50 – 70 hectares, que geralmente comandam todos os aspectos da produção e nunca compram sem degustar. Além disso, evite a tentação de comprar Brunellos de abaixo das € 20 nos supermercados da Europa.

Ufa! Bastante coisa! Já está pronto para ir à busca dos seus Brunellos? Esperamos que esta matéria de 3 partes tenha lhe ajudado a entender um pouco mais da região, seus vinhos, a importância do terroir, safra e muito mais. Já fortalecido com seu novo conhecimento, desejamos você sorte e ótimas experiências!

Escrito por Alykhan Karim

Os melhores vinhos você encontra na Sonoma.

Blog Sonoma Market

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