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Uvas de Bordeaux. Parte I: O Corte Bordalês

Uvas de Bordeaux. Parte I: O Corte Bordalês

Bordeaux é a minha região de vinhos preferida. Há muitas outras lindas e com vinhos deliciosos, mas nenhuma me encanta mais. A Borgonha, na minha opinião, tem uma história mais fascinante, mas na questão do vinho, Bordeaux vence com boa distância.

Provavelmente Bordeaux é a denominação mais celebrada dentre todas, e seu estilo de vinho o mais imitado. Suas uvas nativas estão entre as mais plantadas no mundo, e sem dúvida, a mais famosa é a Cabernet Sauvignon. Entretanto, três outras fascinantes variedades participam deste blend, são elas a Merlot, a Cabernet Franc e a Petit Verdot. E, em escala bem menor, tem a Malbec (mais comum em Saint-Émilion).

Cada uma dessas variedades tem um comportamento próprio, uma sutileza individual, e hoje vamos abordar alguns de seus aspectos.

Em Bordeaux, na margem esquerda do estuário do Gironde, região conhecida como Médoc, reina absolutamente o corte de Cabernet, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot, uvas adaptadas ao terroir local há séculos. No Novo Mundo essas uvas geralmente são utilizadas individualmente, sem cortes, “monovarietais”, como gostam de chamar os especialistas.

Mas o sucesso de Bordeaux está no blend de três ou quatro variedades.

A Cabernet Sauvignon tem uma história curiosa, pois é o resultado do cruzamento – por polinização natural – da Cabernet Franc com a Sauvignon Blanc. Quando isso ocorreu ninguém sabe ao certo, mas faz no mínimo uns 300 anos.

É uma uva de colheita tardia, ou seja, seu amadurecimento é lento, atravessa todo o verão e só atinge o ponto ideal para vindima no início do outono. Essa uva dá vinhos com muito corpo, acidez, taninos, e tem bastante potencial de envelhecimento. A fórmula encontrada pelos produtores para domar sua força foi cortá-la com outras uvas mais leves e frutadas.

A Cabernet Franc é colhida no meio do verão e, em média, amadurece 40 dias antes da Cabernet Sauvignon. Possui aroma condimentado, corpo leve, mais acidez que taninos, além de ser um dos ingrediente para a longevidade do blend bordalês. Pode ocupar até 60% do corte, mas em geral não passa dos 40%.

A Merlot é a uva mais plantada de Bordeaux, um dos motivos é porque seu vinho é fácil de agradar. Reina absoluta na margem direita do Gironde, nas colinas de Saint-Émilion. Sua colheita ocorre depois da Cabernet Franc e antes da Cabernet Sauvignon.

No Médoc, são gerados vinhos de corpo médio, pouca acidez, taninos redondos, acrescenta volume ao corte e aumenta os sabores frutados. Sua proporção pode chegar a 70% do blend.

A Petit Verdot, chamada de “tintureira”, é usada em pequena porcentagem e carrega o vinho com muita cor violácea e adiciona aromas de ervas finas e tabaco. Potente, dificilmente ultrapassa os 5% do corte. Hoje em dia essa uva tem gerado vinhos grandiosos na Califórnia, na Espanha e na Austrália. Até mesmo em Bordeaux alguns produtores têm apostado no aumento de sua proporção no blend. (Conheça um dos mais famosos aqui)

Bordeaux é assim, se faz vinho por lá como antigos boticários trabalhavam o perfume, numa espécie de alquimia onde a busca pela mistura perfeita é uma obsessão. Em nenhum outro local do mundo o blend é tão importante – talvez só em Champagne.

De um ano para outro a proporção pode variar – e muito – a depender do clima e do comportamento da uva individualmente. Cada enólogo tem uma receita, uma fórmula para compor o conjunto.

O paradoxo é que, apesar de Bordeaux ter as uvas mais reproduzidas do mundo e de ter o estilo mais imitado pelos enólogos de outras regiões, o vinho bordalês é impossível de ser copiado, pois sua configuração de solo e clima, bem como sua localização é única e privilegiada. Noutro artigo abordarei mais profundamente este tema.

Pra finalizar, me resta dizer “prove Bordeaux, arrisque-se por suas regiões, há em cada canto um terroir e vinho delicioso a ser descoberto!”

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Manuel Luz

Blog Sonoma Market

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