Você acha vinho uma bebida cara? O assunto foi discutido na terceira edição do debate “O Vinho no Brasil”.
Já ouviu falar num encontro de vinhos onde a bebida é discutida, e não consumida (ou, melhor dizendo, degustada)? Esses eventos são raros e bons, mas existem! A título de crédito, o terceiro debate sobre “O Vinho no Brasil”, que aconteceu na última quarta-feira (24) na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na capital paulista, é um deles.
O evento reuniu representantes de importantes entidades do setor, como o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), profissionais autônomos, jornalistas e “enocuriosos” com a intenção de analisar as ações do Comitê do Vinho da FecomercioSP, assim como procurar medidas para desonerar e desburocratizar o setor vitivinícola.
Uma coisa é certa: se no momento do debate os participantes não estavam com taças à postos, horas depois degustariam vinhos do mundo todo na abertura do maior evento do setor da América, o 17º Salão do Vinho, apelidado de simplesmente Expovinis.
O mercado nacional
Para começo de conversa, Didú Russo, coordenador do Comitê de Vinho da FecomercioSP e diretor do Centro do Comércio (Cecomercio), apresentou um dado que assusta os pequenos produtores: 5% dos produtores brasileiros representam 90% do mercado de vinhos nacionais. Seria isso consequência da falta de investimento do empresariado nacional, em resposta à crise internacional? A deixa já estava dada. Ao menos o debate não viria a ser tão polêmico quanto aos dos dois anos anteriores.
Saindo do ramo das pequenas vinícolas e indo a um problema que atinge a todos os produtores nacionais, os tributos brasileiros chegam a 62%, diferentemente de outros países, como Argentina e Uruguai, por exemplo, que têm de 20% a 25% de custos fiscais. “Como competir com vizinhos que estão adiantados tecnologicamente em relação a nós, pois fazem vinho há mais tempo, quando o custo na base, na origem, já é três vezes maior?”, questiona Didú.
Foi consenso entre os presentes: as normas, os custos fiscais e tributações brasileiras representam um atraso se comparadas a de outros países produtores de vinho, pois dificultam a competição com importados e, consequentemente, implicam na redução nas vendas. Não que os importados não sofram com os impostos também, mas o custo de produção deles é consideravelmente menor. E qual seria a solução? Para Didú, desburocratizar e desonerar o setor.
Vamos aos números
Mas de que adianta falarmos sobre o mercado sem adentrar o assunto “o vinho para o consumidor brasileiro”, também debatido no evento de quarta? O neozelandês Paul Medder, sommelier do Restaurente Aprazível (sim, ele vive no Brasil!) e integrante da consultoria Wine Intelligence, que realiza pesquisas de mercado com consumidores e profissionais sobre o desenvolvimento de marcas de vinhos, apresentou o resultado do levantamento feito com 705 consumidores de vinhos importados residentes no Brasil em 2012.
Apesar de constatado o crescimento do consumo dos vinhos branco e rosé, o tinto ainda domina o mercado nacional, somando 58% do consumo de vinhos por cor. E por falar em tinto, os vinhos feitos com Cabernet Sauvignon foram os mais consumidos pelos pesquisados (64% deles escolheram a variedade nos últimos seis meses). Depois vieram Merlot (50%) e Malbec (48%). Das variedades brancas, se destacaram Chardonnay (52%) e Sauvignon Blanc (41%).
A grande vantagem que o vinho tem contra as cervejas, destilados e outras bebidas alcoólicas, segundo alerta Medder, é que faz bem para a saúde. E isso não foi apenas ele que disse. Cerca de 80% dos entrevistados, com pequenas variações conforme as faixas etárias, também acreditam nisso. “Ele [o consumidor] vai comprar seus vegetais, suas saladas e pensa que o vinho está entrando na mesma parte”, explica. Nesse ponto também concorda Didú, que sugeriu a inserção do vinho na categoria de alimentos, e não bebidas alcoólicas.
Respondendo à primeira pergunta da matéria (“você acha vinho uma bebida cara?”), diríamos: depende. No total, 49% dos entrevistados responderam que sim. Mas o que será que consideram caro? Tem como chegar a um consenso?
Por Gustavo Jazra
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