O primeiro passo para conhecer as regiões vinícolas da Argentina e suas respectivas características é entender como elas se dispõem no território do continente. É esse o fator principal que define o caráter de seus vinhos.
Diferentemente do que se imagina, não é todo o país que os produz, apenas uma faixa praticamente contínua localizada na porção oeste (vai do extremo norte, em Salta, até La Pampa, no sul).
Outro fator decisivo é a altitude, que decresce de Salta a La Pampa quase como uma escada que começa a 2.700 metros em meio a Cordilheira dos Andes chegando até os 200 metros, na Patagônia.
Conheça a região Norte
Os mais altos vinhedos da Argentina (e, acredite, do mundo!) estão localizados no norte do país. Mesmo fora dos trópicos mais indicados para o cultivo das uvas, dos 30º ao 50º, altitudes que variam de 1.000 a 3.000 metros do nível do mar é que garantem o sucesso da viticultura na região.
Salta
Se os vinhos frescos existem na Argentina, o lugar deles é definitivamente Salta. A uva que reina nos 2,5 mil hectares é a branca e aromática Torrontés (saiba mais sobre as uvas na próxima parte!). A parte mais alta de Salto, a 3.111 metros, é onde estão os vinhedos de maior altitude do mundo.
Mesmo sendo uma região próxima do Equador e consequentemente mais quente, a altitude garante o frio necessário para o melhor amadurecimento das uvas, pois é de amplitude térmica que elas precisam. A altitude garante mais horas de sol por dia, maior amplitude térmica e a quantidade de água necessária.
Ah, os vinhos de altitude… Com condições de sobrevivência inóspitas, apenas as mais fortes e melhores uvas resistem. O resultado? Vinhos frescos que transbordam acidez, além de serem ricos em aromas e sabor e terem menos álcool.
Catamarca
É em meio aos vales do oeste de Catamarca que estão localizados os vinhedos da província, que se divide em diversas sub-regiões. A principal delas é Tinogasta, que concentra 70% da área total de vinhedos. Outras, como Belén, Fiambalá e Santa María, completam os 2,5 mil hectares do total de vinhas que concentra.
Tucumán
Com menos de 90 hectares de vinhedos, Tucumán entra para o “hall” de regiões vinícolas mais altas do mundo, eles estão de 1.800 a 3.000 metros do nível do mar. Nesse contexto, destacam-se os vinhos feitos de Cabernet Sauvignon e Torrontés.
Conheça a região de Cuyo
Depois das mais altas terras argentinas, é a vez das mais propícias ao cultivo da videira. Cuyo, do idioma HuarpeMilkayac, etnia indígena que habitava a região, significa “país dos desertos”. Mais de 80% dos vinhos do país saem exatamente daqui. Alguma dúvida sobre onde está Mendoza?
Mendoza
Não apenas a mais conhecida, Mendoza é também a maior região vinícola da Argentina. Ao longo dos seus cinco “oásis”, como são chamadas as subdivisões maiores, somam-se mais de 150 mil hectares de vinhas. Não à toa, a responsável em produzir 80% do vinho nacional é conhecida como a “capital mundial do vinho”.
Foi aos pés da Cordilheira dos Andes, a mil metros de altitude, que surgiu a primeira denominação de origem do país: Malbec Luján de Cuyo. Será que precisamos dizer qual uva melhor se adaptou ao terroir? Obviamente a Malbec, mas quase todas as uvas cultivadas na Argentina marcam presença por lá.
Com clima desértico, garante condições ideais para o bom desenvolvimento da uvas: amplitude térmica, radiação solar o ano todo e boa drenagem da água, advinda do degelo dos andes.
Trapiche, Norton, Achaval Ferrer e Grupo Peñaflor são algumas das principais vinícolas do país e que começaram suas atividades em Mendoza.
San Juan
Depois apenas de Mendoza, San Juan é a segunda região vinícola em importância e volume da Argentina. Ao todo, são quase 50 mil hectares de vinhas cultivadas entre 600 e 1.400 metros. Conhecida por ser ensolarada e quente o ano todo, com exceção de 30 dias no ano em que o céu permanece encoberto, produz uvas ricas em polifenóis, vinhos intensos com sabores de frutas maduras. Diferentemente da principal, a uva que domina a região é a Syrah.
La Rioja
A oeste de Cuyo, os 7 mil hectares de vinhedos de La Rioja estão situados em pequenos vales irrigados. No lugar das tintas, preferiu as variedades brancas e rosadas, com destaque especial à TorrontésRiojana, cepa típica da região, e que ocupa 35% do total.
Conheça a região da Patagônia
A Argentina é realmente um país de extremos, e a Patagônia não fica de fora. É a região vinícola localizada mais ao sul de todo o planeta. De 300 a 500 metros de altitude do nível do mar, apresenta condições ideais para a maturação das uvas. A principal característica de seus vinhos? O vento que por lá assovia!
Neuquén
É a 60 quilômetros a noroeste da capital da província de mesmo nome que a PinotNoir, mais delicada das variedades tintas, começa a encontrar seu espaço na Argentina. As precipitações de menos de 200 milímetros por dia somada à amplitude térmica entre dia e noite superior a 20º C na fase de maturação das uvas. O principal trunfo de Neuquén é a perfeita evolução dos taninos, concentração de aromas e cores, além de excelente acidez.
Río Negro
Diferentemente do que somos induzidos a pensar, a região de Río Negro é marcada por um clima continental seco, com níveis de precipitação inferiores a 200 milímetros por ano. Invernos frios e verões quentes com muita luminosidade natural marcam a personalidade dos vinhos – de maturação lenta eequilíbrio ideal entre álcool e acidez.
La Pampa
A ondulada planície é famosa pelo seu formato que lembra um leque e soma mais de 1.700 hectares. A altitude varia de 100 metros acima do nível do mar para 40 metros abaixo dele. Suas principais variedades são Merlot, Malbec, Cabernet Sauvignon e Chardonnay.
Pensa que sabe tudo sobre os vinhos da Argentina? Veja a parte 3 do guia das regiões!
Nossa Indicação: BANFI CINCO TIERRAS SORBUS MALBEC 2021
Por Alykhan Karim
Co-fundador e CEO de Sonoma Market