Conheça os principais críticos de vinho do mundo, seus guias de pontuação e as publicações mais respeitadas da área.
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Quem é o seu crítico de vinho?, por Suzana Barelli

Como as notas de vinho se organizaram depois da saída de Robert Parker do cenário.

Por Suzana Barelli, especial para o Sonoma Market

Foi-se o tempo em que era fácil acompanhar as notas de vinho. O norte-americano Robert Parker reinava absoluto, conferindo pontuações, na escala de 50 a 100, capaz de transformar um rótulo desconhecido em um campeão de vendas. Seu contraponto era Jancis Robinson, que pontua brancos e tintos na escala inglesa de 20 pontos, sem o alcance de mídia do amigo americano, mas capaz de desafiá-lo. Corria por fora a revista, também norte-americana, Wine Spectator, com destaque para a sua aguardada lista dos melhores 100 vinhos do ano.

Com a saída de Parker do mercado – ele vendeu a sua newsletter The Wine Advocate no início dos anos 2010, para uma empresa em Cingapura e hoje o título pertence à Michelin –, o que se vê é uma profusão de críticos, que pontuam os vinhos com suas notas pessoais, que nem sempre coincidem. James Suckling, por exemplo, deu 94 pontos para o Brunello di Montalcino Molino Sant’Antimo. O mesmo vinho teve 93 pontos da Wine Spectator e 92 da Decanter. Muitas vezes, a garrafa de um vinho chega a ter três ou quatro selos, com notas diferentes. Depois de pontuados os vinhos, as vinícolas ainda precisam pagar pelo direito de uso dos selos, seja na divulgação, seja colados em destaque no gargalo das garrafas.

O crítico mais famoso atualmente talvez seja o norte-americano James Suckling. Em 2010, ele deixou o cargo de crítico sênior da Wine Spectator e se lançou em carreira solo, com o site www.jamessuckling.com. Desde então, Suckling corre o mundo degustando e classificando vinhos, e pontua muitos dos rótulos que são importados para o Brasil.

Suckling faz mais sucesso no Brasil do que Tim Atkin MW (MW = Master of Wine), que ocupa uma posição entre os principais escritores de vinho da Inglaterra. Atkin lançou o seu www.timatkin.com em 2009 e assim como o seu colega norte-americano corre o mundo provando vinhos e pontuando o que vai provando em vários países. A sua avaliação sobre os vinhos sul-africanos, por exemplo, é bastante interessante.

Antes de Tim Atkin, a também inglesa Jancis Robinson MW, lançou o seu www.jancisrobinson.com. Na parte restrita do site, aberta apenas para os assinantes, é possível conferir as suas notas e, principalmente, seus comentários precisos sobre os vinhos degustados, que não são divulgados na forma de selos. O site cresceu ao longo dos anos, conta com diversos colaboradores, com destaque para a também inglesa Julia Harding MW. No ano passado, foi vendido para o conglomerado de mídia norte-americano Recurrent Ventures. No acordo, a inglesa continua no comando das avaliações dos vinhos.

Aqui no Brasil, também faz sucesso as notas conferidas pelo Guia Descorchados, elaborado pelo chileno Patricio Tapia. O guia começou pequeno, em 1999. Ao longo dos anos, a publicação foi crescendo em números de páginas e de países. Atualmente, Tapia publica avaliações e notas de vinhos elaborados no Chile, claro; mas também na Argentina, no Uruguai e no Brasil. E as edições dos últimos anos têm mais de 1.300 páginas.

A inglesa Jane Anson foi a mais recente crítica a se lançar a voo solo. Depois de muito tempo na revista inglesa Decanter, com foco nos vinhos de Bordeaux, ela lançou o www.janeanson.com no final do ano passado. Agora, é esperado para o início de maio o lançamento da plataforma Wine Independent, de Lisa Perrotti-Brown MW, ex-editora-chefe do Wine Advocate, que assumiu a função com a saída de Parker.

Há outros críticos que conferem as suas próprias as notas para os vinhos, como a dupla de franceses Thierry Desseauve e Michel Bettane, que eram respectivamente ex-editor e crítico-chefe da revista Revue du Vin de France, e hoje comandam o site Bettane+Desseave . Ou Antonio Galloni, com o seu Vinous.com, que lançou em 2013, após ser preterido no cargo de editor-chefe do Wine Advocate. Na época, tanto ele quando Lisa Perrotti-Brown, disputavam o lugar de Parker.

Além dos críticos, há as revistas especializadas, que publicam as notas dos brancos e tintos degustados em suas edições mensais. A inglesa Decanter, por exemplo, promove um enorme concurso anual de vinhos, o Decanter World Wine Awards, de bastante relevância mundial.

Ao consumidor fica a pergunta de qual crítico seguir. Não é uma resposta fácil: minha sugestão é começar a acompanhar as notas de um crítico e ver se suas avaliações coincidem com o que, você, consumidor, aprecia em um vinho. Mesmo com toda a técnica para degustar e pontuar uma bebida, que não difere muito de crítico a crítico, tem a percepção individual de cada um deles. Ou seja, um rótulo de 95 pontos de um crítico dificilmente terá menos de 90 pontos de um outro especialista. Será um vinho de qualidade, com equilíbrio entre seus componentes (corpo, álcool, acidez) e bons e complexos aromas. Parker, por exemplo, tendia a dar notas mais altas a vinhos mais concentrados e potentes, do que os críticos ingleses, por exemplo. Este é, digamos, o “ajuste fino” de cada crítico, que faz a diferença entre as pontuações.

O importante é o consumidor se identificar com o estilo de cada crítico e eleger aquele que vale à pena seguir, de acordo com o seu paladar. Não é uma tarefa fácil, mas é um bom exercício para quem gosta de saber mais sobre vinhos.

No Sonoma Market você encontra uma seleção primorosa com vinhos pontuados pelos principais críticos do mundo do vinho. Confira!

suzana barelli coluna sonoma market
Jornalista especializada em vinhos, Suzana Barelli agora também é colunista especial do Sonoma Market.

Suzana é atualmente colunista de vinhos do caderno Paladar, do jornal O Estado de S.Paulo. Ela escreve de vinhos desde o início dos anos 2.000. Foi editora de vinhos e diretora de redação da Revista Menu, e redatora-chefe da Revista Prazeres da Mesa. Também atuou como jornalista nas revistas Gula, Primeira Leitura e Carta Capital, e nos jornais Folha de S.Paulo e Valor Econômico.

Suzana Barelli

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