Regras para avaliar o custo-benefício de um vinho
Chegamos ao supermercado, aos sites de vinho e afins e, dificilmente, sabemos se estamos pagando o valor ideal. Como saber se uma garrafa vale mesmo o preço? Chega de escolher pelo rótulo! O Sonoma te dá algumas regrinhas para beber uma boa garrafa de vinho sem gastar muito.
Acha que a antiga “quanto mais caro, melhor” ainda vale? Não é bem assim. Bons vinhos, na verdade, vinhos grandiosos, podem ser encontrados a bons preços por aí. Assim como um vinho ruim pode chegar às três cifras. A questão é: como saber?
Não há uma solução clara, óbvia e objetiva… Que bom, né? Isso mostra como o vinho é complexo, misterioso e muito diverso. Mas, de forma bem básica, dá para seguir algumas regrinhas que te dão um empurrãozinho nesse mundo.
1ª Regra: saiba de onde vem a uva
A primeira coisa que agrega valor a um vinho é seu terroir, pois ele mostra onde cresceram as uvas, que clima enfrentaram, como foram fermentadas e processadas até entrarem na garrafa. Uma DOC (denominação de origem) estampada no rótulo indica que o produtor precisou seguir à risca uma série de regras adotadas pela região demarcada – tempos de amadurecimento, épocas de colheita, porcentagens de uvas, descanso em barrica e por aí vai.
Basicamente, vinhos feitos em solos menos conhecidos por produzirem bons vinhos são mais baratos, enquanto aqueles que vêm de terroirs famosos pela qualidade, carregam em si um preço naturalmente maior. Exemplos? Bordeaux, Borgonha, Piemonte, Rioja, Alsácia, Barossa Valley, Napa Valley, Óregon, Cape Town, Marlborough…
Mas atenção: isso não significa que qualquer vinho desses lugares será bom – só significa que será um pouco mais caro. Se quiser provar um desses, o ideal é pesquisar um pouco antes, já escolher sabendo, e preparar-se para pagar um pouco mais e correr riscos.
Agora, se a ideia é dar um tiro certo, a dica é guardar alguns nomes menos conhecidos, mas super grandiosos: Vacqueyras, Languedoc, Cahors, Puglia, Marche, Garda, Toro, Jumilla, Lisboa, Washington, Hawke’s Bay, Mornag, Bekaa, Serra Catarinense, Vale do São Francisco… E também nossos vizinhos chilenos e argentinos, que graças à grande importação, têm preços mais baixos.
2ª Regra: idade importa
Já comecemos de cara quebrando um tabu: não, não é para todo vinho que serve a regra de quanto mais velho melhor. Com isso em mente, temos que separar os vinhos (tintos) em duas partes.
Primeiro, os mais descontraídos, simples, do dia a dia. Eles são feitos para serem bebidos jovens, pois não têm a estrutura suficiente para evoluir ao longo de anos de guarda. Em média, devem ser bebidos em até dois anos acima da safra no rótulo – e, por isso, ficam mais baratos a cada ano que passa. Como identificá-los? São vinhos mais leves, translúcidos, frescos e frutados. Fazem a grande maioria dos rótulos nas prateleiras dos supermercados.
A outra metade, na verdade, a minoria do que encontramos por aí, são os vinhos feitos para guarda. Esses, sim, ficam mais caros conforme envelhecem (isso porque vão se abrindo, novos sabores surgem, outros amadurecem, tornam-se mais complexos com o tempo). Eles, geralmente, possuem taninos e acidez em níveis mais altos e bem feitos, pois são dois elementos que mantêm o vinho vivo ao longo dos anos. Algumas denominações são famosas por vinhos de guarda: Bordeaux, Rhône (Châteauneuf-du-Pape incluso), Barolo, Barbaresco, Toscana (Chiantis e supertoscanos), Douro, Porto, Ribera del Duero, Califórnia, Melbourne, entre outros.
Vamos aos brancos. Raríssimos brancos envelhecem bem. Então, se você vir um branco muito antigo por aí, a um preço alto, só compre se conhece-lo muito bem. No geral, não deixe passar dos dois anos (apesar de mais baratos, podem ter toques de evolução que não agradam a todo mundo).
E os espumantes? Via de regra, só de ter uma safra no rótulo, o espumante já será mais caro do que o normal. A grande maioria dos espumantes são feitos com uvas de diferentes anos – isso porque é muito difícil amadurecer e trabalhar com uvas que se tornarão um espumante, leva mais tempo mesmo (e, em alguns anos, ficam tão ruins que é melhor usar poucas ou nem usar). Porém, há anos que superam a média, e é possível fazer um espumante safrado – os chamados Millésimé ou Millessimato, melhores e mais caros.
3ª Regra: mais ou menos populares
Pode ter certeza: quanto mais popular, conhecido e comprado, mais barato. A priori, esta regra parece contradizer a primeira, mas não é bem assim. É a lei natural do mercado, e graças a ela, é possível encontrar vinhos de Bordeaux a preços mais baixos e razoáveis, por exemplo. Na contramão, é também por isso que rótulos do Uruguai, do México, do Líbano e de outros países menos conhecidos (quando o assunto é vinho) custam caro.
Isso serve tanto para regiões quanto para marcas. No entanto, não esqueça de outra lei importante: oferta e procura. Alguns vinhos alcançam um status de fama tão alto que carregam grandes valores em si. Romanée-Conti, Veja Sicilia, Catena, Marqués de Riscal e Veuve Clicquot são alguns desses nomes – para eles, não importa nenhuma das regras, pois seu valor agregado já é superior.
Viu como não é tão complicado? Agora, é só pensar que tipo de vinho você quer – simples ou complexo? A partir daí, pare de escolher pelo rótulo e siga as regras (fique tranquilo, seu vinho vai valer o preço).
Mas são regras básicas, pois como já comentamos, vinho não é uma ciência exata (ainda bem!). Muitos outros fatores influenciam: se o vinho é natural, de boutique ou pequenas vinícolas, kosheer, pontuado… Daqui para frente, é a experiência que conta, e isso é com você!