Ela nasceu na França, viajou para a América, tornou-se a uva nacional da Argentina e encontra cada vez mais terroirs para descobrir suas diferentes expressões. Apesar de os rótulos sul-americanos dominarem o mercado internacional, há muito o que descobrir no mundo da Malbec.

Belle France, a terra natal

Desde os tempos mais primórdios da vitivinicultura francesa, a Malbec já era uma casta que nascia, crescia e se multiplicava às margens do rio Lot, em Cahors, no sudoeste da França. Lá, conquistou sua presença selvagem, seus taninos presentes, aromas animais e sabores vegetais.

Na vizinha Bordeaux, a uva ganhou toques mais suaves e maduros, típicos da mundialmente respeitada elegância bordalesa. Quem procura por Malbecs de ar francês também pode encontrá-la com os nomes Auxerrois ou Côt Noir.

Em 1853, o engenheiro agrônomo Michel Pouget viajou para Mendoza em uma iniciativa dos agricultores locais de aproveitar os solos e climas favoráveis da América do Sul. Entre vinhas, sementes e frutas, é ele o responsável por apresentar à Argentina aquela que seria sua uva mais icônica.

Investida Argentina

Exatamente 10 anos depois, a França começa a sofrer com a praga da filoxera, que devastou centenas de vinhedos em todo o país. Em 1956, a Argentina era oficialmente o único país do mundo com videiras originais de Malbec. Era hora de investir!

Várias técnicas foram utilizadas nas plantações, mas sempre focadas na produção barata, em massa. Em 1977, por incentivo do governo, foram produzidos os primeiros vinhos de Malbec em barril de carvalho. O corpo que adquiriram, as frutas vermelhas e as várias especiarias surpreenderam o mundo com tamanha qualidade. A partir daí, a Malbec se espalhou pelo país e dominou os paladares do mundo, fixando-se como a uva nacional argentina.

De uma hora para outra, Mendoza explodiu como a terra da Malbec, e virou referencial na produção vitivinícola do nosso vizinho. A febre foi tão intensa mundo afora que o vinho, inclusive, virou modinha na capital paulistana.

Hoje, é da Argentina, especialmente de Mendoza, que saem alguns dos Malbecs mais prestigiados do mundo. Alguns, como os das vinícolas Catena Zapata, Achaval Ferrer, São Pedro de Yacochuya, inclusive chegaram perto dos 100 pontos pelo Robert Parker!

Subindo a montanha no Chile

Mas não é só a Mendoza que se aproveita da uva. Da fresca mineralidade vinda dos ventos do gélido deserto da Patagônia, bem ao sul, a Malbec ganha corpo e certa doçura quanto mais sobe e se aproxima dos trópicos.

É assim que vai se aproximando dos vales do Chile, onde encontrou nas grandes altitudes de suas montanhas um forte aliado. A uva vem com mais sabores frutados, ora florais, e dá origem a vinhos robustos (há quem diga que são os melhores para harmonizar com carnes e churrasco).

Falando inglês na “Big Apple”

Somente nos anos 2000 a Malbec chegou aos Estados Unidos, apesar de já ter sido utilizada em fabricações “de garagem” na época da Lei Seca. Impulsionados principalmente pelos elogios de grandes críticos como Robert Parker e Jancis Robinson, os produtores norte-americanos, principalmente em Oregon, na Califórnia, e no Estado de Washington, passaram a levá-la mais a sério.

Graças ao clima quente dos verões, os vinhos acabam perdendo em acidez, mas ganham em frescura e leveza, e suas notas de frutas se mostram mais vivas e joviais. Apesar de ainda serem simples, os Malbecs norte-americanos estão evoluindo a passos largos, com grandes promessas para os próximos anos.

Outros países que seguem o mesmo caminho são o Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e, talvez o que mais se difere de todos eles, a Itália.

A França de hoje

Hoje em dia, a França já recuperou algumas poucas vinhas de Malbec. Mantiveram por lá os sabores mais rústicos e herbáceos, mas agora são mais usadas em cortes com Merlot e Tannat, prevalecendo vinhos de médio corpo e muita elegância. Atualmente, os produtores de Cahors têm aumentado cada vez mais o cultivo da Malbec, de modo a atender a demanda global pela uva.

Só por curiosidade, existe por aí outra variedade de uva europeia chamada Malbec Argent. Lembre-se sempre de que ela nada tem a ver com a nossa conhecida Malbec, nem mesmo a cor é igual.

Já provou muitos Malbecs por aí? Experimente as diferentes regiões e nos diga: qual você mais gosta?

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