Os vinhos da região de Monte Etna e dois achados exclusivos

Localizada no extremo nordeste da Sicilia, com uma vista para a Calábria e a Itália continental   Faro é uma denominação com apenas 4 produtores e 20 hectares plantadas. 

Pequeno, mas Faro é uma peso-pesada. Foi a  menor denominação do país a receber o status DOCG, o topo do esquema de classificação da Itália. Todos os produtores são excelentes. 

Le Casematte é o melhor deles. Queridinho do Robert Parker, James Suckling e António Galloni, o pequeno produtor artesanal elabora apenas 50 mil garrafas por ano, de uvas autóctones da região em volta do Monte Etna.

O que você sabe da Monte Etna e os vinhos do nordeste da Sicília?

A área em volta da maior vulcão ativo do Mediterrâneo, Etna e as regiões satélites tem solos vulcânicos, ferrosos, de rochas vermelhas e pretas, muitas vezes com uma camada de areia de cima, excelente para drenagem e para o cultivo de vinhas velhas.

solos sicilia monte etna vulcao

Estes solos, inóspitos para a filoxera, a praga que devastou a viticultura da Europa 150 anos atrás mas deixou o nordeste da Sicília em paz, combinam com a influência dos ventos consistentes e a altitude marcante das vinhas, muitas plantadas acima de 1.200 metros. Juntos fazem a receita perfeita para vinhos sutis e elegantes, de excelente acidez e potencial de guarda. Nada de grandes graduações alcoólicas aqui, nada de doçura, nada de opulência. Se a Puglia é para se comparar com a Mendoza (aliás, a Mendoza está mudando, aguarde a matéria “Altitude e Atitude”, lançado em breve), então Etna é para se comparar com a Borgonha. Veramente o James Suckling escreveu uma matéria em 2020 chamando a região como a “Borgonha do Mediterrâneo.”

Vistei Le Casematte um belo dia de junho, uns 4 anos atrás, numa visita à ilha. O produtor estava na minha lista há muito tempo. A curiosidade só aumentou ao chegar na propriedade.

Casematte quer dizer bunker em italiano e tem diversas na propriedade, relíquias de uma época anterior, quando o mundo estava em guerra. Construídas ao comando do Mussolini, para defender contra um potencial ataque inglês subindo pelo continente africano ao sul, permanecem, um patrimônio histórico que virou símbolo da propriedade.

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A área plantada era linda. Com uma vista plena para o Mar Tyrrhenio na distância, as vinhas plantadas representavam a viticultura tradicional desta região. Maior parte Nerello Mascalese, protagonista dos maiores vinhos tintos de Faro e Etna, também tinha Nerello Cappuccio, principalmente usadas nos blends mas uma delícia quando vinificada sozinha (a Benanti faz um grande versão), a local e raro Nocera também, que aporte uma qualidade meio nutty aos vinhos, de castanhas, também um belo cor roxo. Nero d’Avola fez presença, e as uva brancas Grillo e Carricante, a última sendo a mais nobre cepa branca da Sicilia.

vinhedos sicilia vinho italiano

Degustando com o produtor Gianfranco Sabbatino foi uma experiência memorável. 

Não vou nem entrar muito no rosé dele, infelizmente não disponível… chamado pelo Gambero Rosso “a melhor rosé da Itália,” com apenas 4mil garrafas, é 100% alocado com um ano de antecedência. Difícil…

Também não muito no seu tinto Faro, ápice da casa, uma delícia de vinho, 100% esgotado, todas as garrafas já adquiridas pelos clientes do Sonoma Market.

Agora, da para falar sim destes dois Peloros, e com empolgação!

Os vinhos principais da casa, no valor de hoje estão entre os melhores achados da nossa curadoria da Itália.

O Peloro Bianco à base de Carricante e Grillo, uvas brancas principais desta região, brilha neste vinho da safra 2018. Amarela palha na taça indo para o branco, senti fruto de caroço e até melão no nariz. Na taça acidez excelente, maresia, mineralidade, com um lado levemente untuoso, um leve herbáceo também. 

LE CASEMATTE PELORO BIANCO 2018

Parker deu 91 Pontos ao vinho, Suckling 92. Eu daria 92 também, com 3 anos em garrafa já está evoluindo maravilhosamente, com uma leveza que é perfeita para os dias quentes de verão com uma complexidade surpreendente (deixe ele respirar uma meia hora e verá).

Já o Peloro Rosso? 

LE CASEMATTE PELORO ROSSO 2017

Gente, que delícia de vinho tinto. 

Nerello Mascalese e Nocera, o vinho é leve, elegante, e altamente expressivo. Se der para decantar, resistir a tentação de abrir e tomar, sentirá violetas, amoras, alcaçuz e pedras quebradas nos aromas, com uma framboesa sutil, cereja suculenta uma longa persistência em boca, em volta em acidez excelente e taninos leves. 

Tomar levemente gelado nos dias quentes de verão e outono será fantástico, aliás, é, já fiz um par de vezes. Em Fevereiro estávamos na Bahia, numa noite mais fresca este tinto foi uma delícia. (A pimenta baiana mata qualquer tinto, tivemos que sair da moqueca obrigatória, que amo tanto, para pedir um atum selado, mas valeu muito a troca, o vinho combinou perfeitamente.)

Amado por todos os críticos (Suckling deu 94 Pontos!), eu também dou 92 ao este vinho. Uma estrela que ganhará complexidade na adega ao longo de mais 2-3 anos. 

Oferecidos até ontem por R$200, hoje aproveite da minha empolgação para destacar estes vinhos para você – saem hoje por apenas R$139,90 por unidade na Caixa ou Caixa mista.

sexteto le casematte

KIT SEXTETO MISTO LE CASEMATTE “PELORO”

Sicilia e seus vinhos estão em alta e não tem nenhuma região que me agrada e fascina tanto quanto a grande Monte Etna. Estes da Faro DOCG, do produtor boutique Le Casematte, são exemplos fantásticos. Espero muito que possa prova-los!

Abraço grande

Alykhan Karim 

CEO –  Sonoma Market

Blog Sonoma Market

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