Com um quinto do tamanho de Bordeaux e uma produção 50 vezes menor, a Borgonha esconde tantos segredos quanto a região dos tintos mais famosos do mundo (senão mais!). Tão pequena e cheia de denominações ainda menores, com regrinhas e técnicas que desenvolveu e agora ensina para o mundo todo, é um verdadeiro desafio conhecer a Borgonha por completo.
Pode não ser tão popular quanto Bordeaux, mas a sofisticação de seus vinhos encanta qualquer apreciador logo ao primeiro contato. Será que é por serem sedutores como de nenhuma outra localidade? Pode ser um bom chute, afinal, como não dizer isso de uma região onde a Pinot Noir é a principal uva?
Mas mais difícil do que entender de onde vem tanta finesse é encontrar uma boa pechincha de lá – é lar dos vinhos mais caros do mundo, que costumam chegar ao Brasil bem acima das três cifras. São considerados caros até para os padrões europeus. É esse o preço que se paga por tanta exclusividade. Ah… Quer saber seus segredos?
Por que são os tintos mais frescos do mundo?
Pinor Noir é a uva principal da Borgonha, a que faz seus vinhos serem tão procurados e valorizados mundo afora. São os melhores do mundo, e quanto a isso não há discussão. É a sensualidade que existe por trás de seus aromas terrosos e frutados que fez deles os mais famosos – são referência no mundo todo.
O segredo de tanta leveza e elegância? A localidade. O clima é ideal para o desenvolvimento da videira, mas isso não é o único fator. Borgonha é a região posicionada mais a norte do globo para os tintos, além de também ser a de clima mais ameno.
Por um lado, isso faz com que os tintos exalem frescor. Por outro, que as instabilidades do clima dificultem a chegada ao ponto ideal de maturação das uvas, o que significa que cada safra será completamente diferente da outra (mas isso não é de todo mal, afinal, quem quer o mesmo vinho todos os anos?).
O que vinho tem a ver com a Revolução Francesa?
Mesmo ganhando reconhecimento no século 14, com a mudança da corte papal de Roma para Avignon, no sul da França, a Borgonha já produzia vinhos sob domínio dos monges beneditinos e cistercienses há praticamente 10 séculos. O que a Revolução Francesa tem a ver com tudo isso?
Foi à época, com as mudanças que se seguiram depois de 1789, com a implementação do Código Napoleônico, que a hegemonia da igreja católica caiu, assim como de alguns duques proprietários de terras. E, com isso, imensas propriedades foram divididas em parcelas minúsculas de terra e depois vendidas. Os vinhedos da Borgonha, então, deixaram de ser cuidados por monges, como era até então.
Vinho branco na Borgonha?
Se a Pinot Noir fez a fama dos vinhos da Borgonha, a Chardonnay os honrou com toda a elegância com que brota em sua terra natal, algo que parece fazer parte da natureza dos vinhos que lá nascem. Por vezes é lembrada, sobretudo quando se fala nas renomadas denominações de Pouilly-Fuissé e Chablis.
Mas poucos sequer ouviram falar na Aligoté. Não só é a casta menos cultivada da Borgonha, como também é pouco explorada no mundo – mas isso não significa que não existam grandes vinhos feitos com a cepa. Onde eles estão? Exatamente lá! São vinhos brancos extremamente delicados, com acidez altíssima e de cor bem clarinha. Os mais simples e baratos são por vezes servidos em forma de drink feito com creme de cassis.